terça-feira, 16 de dezembro de 2014

Passarinho

Pobre menina, tantas marcas, tão pouco tempo. Pobre menina, tem vontade de percorrer os céus, viajar sem limites, mas tem medo de abrir as asas, olhar lá de cima. Pobre menina, esqueceu-se o que é sonhar, que mais motivos tem para acreditar? Pobre menina, chora por não saber, por não conhecer (a si), por não ter mais o que seguir. Pobre menina, nada perdeu, mas também não tem certeza se já chegou a achar, quem sabe? Alguém pode ajudar?
Pobre menina, a rima ficou no caderno da infância, o verso perdeu-se no vento, a poesia esqueceu o caminho e as palavras bonitas foram embora. Pobre menina, ficou sem nada, rodeada de pessoas sem ninguém a lhe olhar, cheia de pensamentos, sem nada para falar.  Pobre menina, quando foi que esqueceu de ligar razão e emoção? Fazia isso com tanto amor, mas agora nada mais traduz-se tão bem. Pobre menina, olhe para baixo e veja o mundo passar, olhe para cima e veja o céu escurecer, olhe para dentro e veja sua alma desvanecer. Pobre menina, perdeu o encanto? Olhe no espelho de novo, note o que apenas seus olhos não veem.
Pobre menina, vamos caminhar? Um passo depois do outro, sem caminho certo, sem estrada a trilhar, vamos fazer um caminho nosso, onde, quem sabe, no final o sentido estará. Pobre menina, pegue aquele amor que está aí dentro e faça a melodia soar, escreva canções de amor,dance com as palavras. As frases mais lindas são feitas a partir de pessoas que amam o que é abstrato, a certeza e o concreto não constroem textos bonitos.
Ei menina, me dê a mão? Fuja da escuridão, saia do casulo, ache um motivo e não olhe para trás. Ei menina, concede-me essa dança? Baila comigo essa música que apenas nós podemos escutar. Ei menina, conhece-te de novo, acha teu caminho.
Ei menina, está pronta? Abra bem as asas. Prepare-se. Salte. Voe.

Ei menina, já não pode me escutar, foi embora assim que aprendeu a voar.

sexta-feira, 12 de setembro de 2014

Ócio

Ócio.
Aquele que já não mais satisfaz.
E quando satisfez?
Mas nunca tanto a perturbou.
Ora, meu caro, corações apaixonados não se contentam com pouco, eu arriscaria até a dizer que nem com o muito.
Apaixonado? Vejam só. Na busca pela paz, entregou-se ao caos. São muitas interrogações, muitos suspiros e muitas borboletas para o meu gosto.
Acha esse preço alto de mais?
E pelo que se paga? Pela cara de bobo? Por andar sem os pés no chão? Por tantas variações sobre um tema só?
Não vê beleza em saber tanto sobre apena suma coisa? Não vê que quando se trata de paixão, tanto se diz, e tão pouco se entende? Não vê que esse brilho nos olhos pode iluminar uma vida inteira?
Bobagem. Apenas. E quanto ao tempo perdido?
E com o que se perde tempo? Com a vida?
E quanto ao medo? Aquele que se esconde nos cantos obscuros do quarto e quando tudo parece bem, ele deita ao seu lado e sussurra coisas horríveis em seu ouvido.
Há sempre um monstro debaixo da cama ou dentro do guarda-roupa que temos que enfrentar pra crescer.
Não me convence. E quanto ao ócio não resolvido?

Ah, meu amigo, ele sempre existirá. Menos quando a causa dele aparecer. Quando isso acontece, o resto do mundo desaparece, a razão perde a lógica, os livros são deixados de lado e a cores parecem mais vívidas. Porque, amigo, é assim que funciona um coração apaixonado. 

quarta-feira, 3 de setembro de 2014

Beleza desnuda

“Seu rosto é lindo” eles me dizem. “Mas devia passar um corretivozinho básico nessas marcas do seu rosto, sabe né, pra ficar mais bonito” e passavam o corretivo em mim, escondendo minhas falhas, e sem usar a palavra certa para elas, cicatrizes. “Nossa, como seu cabelo é maravilhoso!”, é assim que dizem pra mim, com exclamações e tudo, em seguida emendam “mas você já fez escova? Chapinha? Só pra ver como fica.”. Lá vem alguém com uma chapinha pra desfazer meus cachos, observo imóvel enquanto minhas curvas capilares ficam retas.
“Sua barriga é linda”, sim, existe quem me diga isso. “Você devia depilar esses pelos todos, assim sua barriga ficaria bem mais bonito”. E por que não? Mais alguém chega com um potinho de cera, e faz o trabalho sujo. “Seu busto é bonito.”, oh, sim, a parte dos meus complexos. “Se você usasse um sutiã com enchimento e um bojo maiorzinho, ficaria perfeito!”, e me vestem como querem. “Seus olhos são sexys e meigos ao mesmo tempo.” Observo já esperando o porém do comentário. “Mas se você usasse um rímel alongador, uma sombra esfumada, quem sabe cílios postiços realçassem mais.” E lá vêm eles, com seus milhares de apetrechos para realçarem meu olhar. E me pintavam os olhos.
“Seu jeito tímido é fofo...” aaah. “Mas se você fosse um pouco mais assim, ou um pouco mais assado, seria melhor.” Claro, por que não? “Suas ideias são boas, mas se você pensasse um pouco mais assim seria melhor”, “suas palavras são lindas, mas se fizesse um pouco diferente seria ótimo”, “você é ótima, mas se fosse diferente seria perfeita”.

Chega né?! Olho no espelho, a maquiagem escondeu todas as minhas... falhas. Maquiou meu jeito torto, minhas curvas imperfeitas, meus pelos deslocados... E que tal um bom banho? Que tal tirar tudo isso? Lavar o corpo e a alma. Me olhar no espelho nua, mostrando tudo, as dúvidas, a insegurança, os medos, as estranhezas, os olhos castanho-escuros, os cílios pequenos e finos, os cabelos cacheados, a pele branca que nunca bronzeia, as curvas não tão certas assim do busto, cintura e quadril e ainda assim, ver algo que ninguém pode me tirar. Algo do que me orgulhar, minha essência. Porque sim, eu sou boa, mas posso melhorar, só que de que outra forma eu seria eu sem tudo isso? 

terça-feira, 26 de agosto de 2014

(Apenas) mais uma

O burburinho ainda estava baixo, afinal, a faculdade inteira estava em aula, e os poucos alunos que estavam fora das salas, eu era uma delas, estavam concentrados em seus smartphones ou livros. O meu estava perto de acabar, e por mais que eu apreciasse a leitura, esperava que acabasse logo, não gosto de ficar com o que não é meu. Meus fones de ouvido gritavam no volume máximo em minhas orelhas, aquela sensação me agradava muito, e juntamente às palavras escritas pela alma do Engenheiros do Hawaii, me desligava do mundo ao meu redor.
Prossegui passeando pelas linhas, saboreando as palavras, ligando-as umas às outras, adaptando-as ao meu ponto de vista, adaptando o meu ponto de vista à elas. Um parágrafo em especial me cativou de uma maneira que quis guardar aquelas palavras para mim, e não só na minha memória limitada. Puxei um bloquinho de papel e uma caneta da bolsa, e anotei o verso, reconheci pra mim mesma o que tantas pessoas já haviam me dito, o quanto minha letra era feia e quase ilegível, e um suspiro me acometeu. Era uma ironia gostar tanto de escrever e meu punho não saber confeccionar palavras direito, de modo agradável a vista. Talvez eu tenha deixado mais de escrever por causa disso, eu não queria mais que ninguém lesse, eu não queria mais ouvir piadas sobre isso. Bobagem? Talvez.
O mp3 parou repentinamente, me tirando a concentração do bloquinho. Estava no meio de uma das minhas músicas preferidas, que tinha tudo a ver com o versinho que falava de amor, mas como eu já disse, minha memória é bastante limitada, então não sei que música tocava, eu sei apenas que ela me tocava. Frustrada, comecei a cantarolar a música baixinho, meu inglês não era bom, e eu sei, pelo menos, que essa era a língua nativa da canção de segundos atrás. Parei de cantar quando notei que pessoas se aproximavam no corredor. Mais uma vez lembrei de críticas não-construtivas, desta vez sobre minha voz. Eu sabia que não cantava bem, e nunca almejei viver de música, então por que todos insistiam em criticar algo que eu só fazia por prazer, e normalmente quando não tinha ninguém pra ouvir?
Fechei os olhos e tentei lembrar o próximo refrão, mas as risadas altas que se aproximavam descendo as escadas me desconcentraram. Risadas desconhecidas de pessoas que eu cruzava o caminho todos os dias. De pessoas que talvez conhecessem meu rosto só por vista, mas talvez nunca tivessem ouvido minha voz, e que com certeza nunca viram minha letra. Pessoas que não ligavam pra minha existência, ou que me observavam ao longe, se perguntando talvez onde eu tinha comprado minha blusa, ou qual seria meu nome. Ou simplesmente me olhassem apenas por estar no caminho, assim como eu as olhava, sem querer saber mais, me contentando com uma breve conexão ocular de dois segundos. Para aquelas pessoas, eu era apenas mais uma, mais uma aluna daquela faculdade, mais uma garota que estava sentada no banquinho daquele corredor no horário de aula, mais uma garota que gostava de Humberto Gessinger e de livros, de música e de azul (a cor do mp3), que tinha a letra feia e a voz desafinada. Mais uma garota sozinha.

Olhei no relógio, estava quase na hora do intervalo, e os corredores antes silenciosos agora estavam apinhados de pessoas conversando e rindo, cruzando com rostos desconhecidos e sem se preocupar com o nome ou a voz desses rostos. Achei um rosto que eu conhecia em meio àquela multidão de pessoas estranhas a mim, embora eu as visses quase todos os dias. Para aquele rosto familiar, eu não era apenas mais uma garota sozinha sentada num banco no corredor em horário de aluna, talvez eu fosse mais uma amiga que gosta de batom vermelho e que queria alargar a orelha, mais uma amiga que tinha um blog, e que se preocupava com as pessoas ao seu redor, que gostava de nota-las quando não tinha mais nada pra fazer. Que gostava de livros e de Engenheiros. Eu era mais uma garota de 20 anos que tinha tudo e nada a ver com todos ao meu redor, que era igual e ao mesmo tempo, o oposto de quem cruzava meu caminho, conhecido ou não. Eu era mais uma, mas nem sempre, e nem pra todos, eu era apenas mais uma.

sábado, 19 de julho de 2014

Toca, alma

Eu decidi, vou comprar um violão. Vou aprender a tocar minhas músicas preferidas, e, mesmo que minha voz não seja linda, vou canta-las quando estiver sozinha, me sentindo só, apenas com o intuito de me lembrar que não estou. Sim, meu violão será preto, onde eu possa me ver refletida, tanto nele, quanto nas suas notas. Ah, é verdade, eu não tenho quem me ensine, mas quem se importa?, procuro um vídeo depois. Quem sabe um professor, ou até mesmo um amigo meu possa fazê-lo. Não, não, sem amigos, isso tem que ser uma coisa só minha.
                Eu sei que em alguns momentos eu vou ter raiva do meu violão, em alguns momentos vou querer dar uma de rock star e jogá-lo no chão, mas eu não vou fazer isso, vou trata-lo com carinho, mesmo com raiva, colocá-lo num canto e esperar até a raiva suavize, eu vou saber que não é só culpa dele. Eu vou me obrigar a ver que aquele modelo talvez não fosse perfeito como eu queria, e nem sempre vai se comportar da maneira que eu quisesse, mas isso vai depender muito de como eu o tocasse.
                Com o passar do tempo e da prática, eu vou descobrir que o meu violão tem seus defeitos, um arranhão na lateral, ou um defeito técnico bestinha, mas aí eu já vou estar tão apegada a ele que não vou querer me desfazer dele, é isso que acontece quando você gosta muito de uma coisa, aceita seus defeitos, e talvez aquele arranhão dê até um charme fofo a ele. Pelo menos eu acho que é assim, eu acredito que eu não ia precisar de um violão perfeito, eu ia apenas precisar de um que eu pudesse tocar quando estivesse chateada com alguma coisa, ou comigo mesmo, e quando estivesse alegre suas notas me fizessem alargar o sorriso.
                Eu sei, eu sei, nunca toquei uma mísera nota certa num violão antes, e não vai ser fácil aprender a fazer isso certo, vai me dar trabalho, vontade de desistir, vontade de vende-lo ou dar pra outra pessoa, mas eu não quero desistir. Eu não quero mais desistir daquilo que me importa, daquilo que, perdão pela repetição de palavras, eu quero. E aí, depois de tanto esforço, quando eu conseguir tocar uma canção, ou apenas um refrão, eu vou sorrir orgulhosa, eu vou sentir que fiz certo.
                Eu vou arranjar um violão, e curar aquelas que eu julgava feridas eternas, porque ele vai estar sempre aqui, porque ele não vai me deixar com medo, porque ele vai deixar que meus sentimentos fluam sem medo, ele não vai me julgar se eu quiser tocar uma música da Taylor Swift e chorar, e em seguida tocar uma do Engenheiros, ou do Guns ‘n’ Roses, porque ele só se importará em ser tocado, em tocar a alma de quem o tem. Ele ainda estará lá quando eu chegar em casa, e mesmo que eu passe um tempo sem tocar, ele não irá me virar as costas quando, numa tarde de domingo chuvosa, eu resolva tirar sua poeira.
                Eu vou comprar um violão pra cantar o que a alma cala, o que o coração esconde, o que a pele ânsia, pra fazer serenatas e dedicar canção aos que estão aqui, aos que eu quero que fiquem. Sim, eu vou comprar um violão.


quinta-feira, 17 de julho de 2014

Veredicto: culpado

                Vim até aqui hoje com a única e exclusiva missão de comunicar-lhe sua culpa. É, culpa sim. Ah, e pode pôr um S aí no fim. É mais de uma, bem mais. Vamos começar: a vítima o acusa de ter-lhe deixado como uma boba alegre, por sorrir quando escuta uma música romântica (ou não), de sorrir quando lembra de você, de sorrir ao lembrar de qualquer coisa que você gosta, ou que fizeram juntos, enfim, de sorrir. Pra tudo. Absolutamente inaceitável.
                Ela também alega que você roubou-lhe a atenção. Virou uma coisa corriqueira estar fazendo alguma coisa e se perder na lembrança do seu sorriso, de alguma coisa que você disse, ou no pensamento onde estaria você, o que estaria fazendo, se estaria pensando nela. Lamentável a situação da minha cliente.
                Também tem a seríssima questão de ter fugido com um bem precioso da minha cliente, mas ela não quis me confidenciar o que é, por ser tão pessoal, apenas me disse que sem isso, ela não tem mais a capacidade de gostar de outra pessoa, ou de esquecer-te. Onde já se viu tamanha privação de liberdade alheia?
                Acredito cegamente não precisar de mais provas, mas gostaria de apresentar mais uma, que convencerá o júri de seus crimes: ter seduzido, sim, meus caros, SEDUZIDO minha cliente ao ponto de ela nem ao menos querer prestar queixa, ao ponto de ficar contente com todas essas acusações indecentes e improcedentes (?).
                Diante de todas essas provas e depoimentos da minha cliente, o júri popular chegou a um veredicto perfeitamente justo: o réu é responsável por todas as acusações e pelo crime de conquistar a minha cliente.
                Declaro o réu culpado.

                Atenciosamente, a Razão.

terça-feira, 15 de julho de 2014

Bem-eu-quero

Eu queria fazer algo bonito, escrever uma poesia que tocasse o coração das pessoas. Eu queria fazer isso enquanto comia brigadeiro com banana, e ouvia as músicas que levavam minha mente pra longe. Ou talvez assistisse àquele filme que ele tanto me indicou. Eu queria receber um elogio pelo texto, quem sabe até alguém comentasse, ou fizesse uma citação minha em seu Facebook. E depois disso, eu queria passar minha noite conversando com alguém, de preferência alguém que eu goste muito (um doce se você adivinhar quem é). Eu queria dormir tarde, mas acordar cedinho, olhar a manhã se desenrolando com preguiça, e depois sair por aí como se tivesse algo importante pra fazer, brincando de ser adulto. Eu queria chegar em casa e achar uma visita inusitada, quem sabe minha mãe (será que ela um dia faria isso por mim?), ou quem sabe você (sim, você). Queria que essa visita me desse um abraço e me perguntasse como vai, e eu queria muito poder responder com sinceridade, sem precisar fazer sentido. Eu queria poder abrir meu coração sem causar pena, desconcerto, eu só queria mesmo falar. Depois que essa visita fosse embora, ou quem sabe ficasse por mais tempo, eu queria subir e ouvir uma canção que marcasse aquele momento, que me fizesse lembrar disso meses depois. Eu queria ficar dois segundos sozinha por vontade própria, e não porque fosse minha única opção, e antes de dormir, eu queria o beijo de boa noite dele, queria seus braços ao meu redor, seu calor me embalando como uma canção de ninar. Eu queria não ter que levantar dessa cama. Eu queria poder passar a vida toda assim. Mas os quereres mudam com o tempo. Eu queria acordar no dia seguinte e poder sorrir pro espelho, não achar tudo assim, tão feio. Talvez eu apenas queira ter certeza de alguma coisa, ou de alguém no meu dia. Eu queria fazer parte da sua vida, assim como queria que que você fizesse parte da minha. Mas o que eu mais queria, mesmo, era parar de tanto querer.

quinta-feira, 10 de julho de 2014

Primeira pergunta

A latinha já estava quente, e eu tinha dificuldade pra ler o que dizia no rótulo (seria Devassa, ou Schin?), fitei a tevê onde tocavam músicas que destruíam meu psicológico. Argh, como se eu precisasse de alguém pra jogar na minha cara minha falta de sorte. Eu estava confusa, e as várias latinhas de cerveja jogadas no meio do quarto não tinham ajudado a clarear minha mente, muito pelo contrário, mas pelo menos tinham me deixado feliz. Ah, meu querido álcool!
-Se pelo menos eu tivesse uma resposta, eu já ficaria mais conformada... – murmurei para o vento.
Apertei a latinha na mão e tomei o resto do seu conteúdo. Acho que podiam ter trocado minha bebida por água do mar, que eu nem teria notado. Acho que se eu tentasse dedicar uma pergunta para cada lata que eu tinha bebido, iriam me faltar latas.
-Primeira lata: o que tá acontecendo? Eu não sei! Eu tenho plena certeza do que sinto e quero, mas isso é bem diferente do que acontece, sempre é.
Fechei os olhos tentando evitar que transbordassem. Olhei pra cima e continuei:
-Segunda lata: por que me abandonaram? Quantas vezes eu já não me fiz essa pergunta, e nunca tive uma resposta. Talvez se um de vocês estivesse comigo, eu não estivesse sentada no chão do meu quarto bebendo sozinha em uma terça à noite.
Nunca estiveram aqui, e talvez eu nem devesse sentir falta, mas aquela sensação de que algo me faltava nunca saia do meu lado.
-Terceira lata: pra que tanta solidão? Sempre gostei dela, mas ultimamente sua presença estava me incomodando. Talvez eu tivesse me acostumado a não me sentir sozinha.
Tomei outro gole.
-Quarta lata: o que teria acontecido se tantas coisas não tivessem mudado?  E se eu nunca tivesse voltado? Aonde será que eu estaria.
Ah, o doce sabor do incerto.
-Quinta lata: quantas pessoas já saíram da minha vida, quando eu só queria que elas ficassem?
Opa, tava começando a ficar brega, aliás, mais brega. Suspirei.
-Sexta lata: o que ele pensa?
Estava difícil saber o que eu pensava, quem dirá o que os outros pensavam.
A sétima lata repousava em minhas mãos, e eu estava chegando à conclusão de que eu fraca, e não apenas para bebida. Minha cabeça girou quando me levantei do chão frio, e um miado baixo chamou minha atenção. Acariciei a cabeça da gatinha que me fazia companhia e sorri, pelo menos eu não estava totalmente sozinha. Entornei a lata e a amacei, jogando-a no chão. Peguei outra na geladeira e a abri. Era a oitava latinha que eu tomava, e eu ainda tinha tantas perguntas, e nenhuma resposta....

Tomei um gole, quem sabe quando eu perdesse a conta de latas, alguma resposta tivesse dó de mim...

quarta-feira, 9 de julho de 2014

Diálogo de um

Bateram à porta, quem será?
-Quem é?
-Sou eu.
-Eu quem? Não conheço sua voz.
-Ah, conhece sim, só que não nesse mesmo timbre.
Puxei as cobertas até o pescoço.
-Não abro a porta para estranhos. Me diga seu nome.
-Você sabe meu nome, mas não me conhece de fato.
-Ué, você acabou de dizer que eu te conhecia.
-Você pensa que sabe quem sou, mas na verdade nunca me conheceu.
-Está me deixando confusa. Qual e seu nome?
-Ora, não está claro?
-Não, não está.
-Eu sou o que chamam de amor.
-Tá bom, é preciso ser louco pra amar, isso não existe.
-Ora, você diz que eu não existo, mas está falando comigo. É loucura o suficiente?
Me retesei na cadeira.
-Não fale bobagens.
-Quem disse foi você. Enfim, vai me deixar entrar ou não?
-Por que deveria? Toda vez que faço isso, você me decepciona. Sempre que confio no amor, acabo despedaçada.
-Isso acontece porque não acredita em mim.
-Ora, que bobagem está dizendo?
-Você não confia em mim, nem sequer me conhece, só me viu por aí, você apenas confia em quem fala em meu nome, sem provas de realmente me ter.
-Como assim?
-Você só vai deixar de se despedaçar quando passar a confiar apenas em mim, quando me sentir em você e acreditar que isso basta, quando confiar apenas em mim como sentimento, ao invés de confiar nas pessoas, tudo vai melhorar, porque quando eu realmente existo, nada mais importa.
-Não sei se compreendo.
-Sei que compreende, mas ainda tem medo. Então, vai me deixar entrar? Pode ser diferente dessa vez.
-Quem me garante?
-Ora menina, deixe de ser tola, a maior beleza do amor está na incerteza. Está no friozinho na barriga que antecede o encontro. Está no medo de nada dar certo, e no sorriso que surge involuntariamente quando acontece melhor do que o planejado. A minha beleza está nas lágrimas que tentam curar um coração partido, e nas poesias que provém dos lábios daqueles que já me provaram. Minha beleza está em quem nunca desiste de amar.
-Belas palavras, mas ainda não me convenceram.
-Não preciso, aquele sorriso vai fazer isso. Aqueles olhos castanhos sabem te fazer ceder, aquela risada pode fazer o que ninguém mais faz.
Pisquei. Pensei. Levantei.
Click. Eu estava incerta, mas quando abri a porta, o amor me sorriu, e não pude evitar, comecei, enfim!, a amar...


domingo, 6 de julho de 2014

Quer café?

                Entre, fique à vontade, sente-se se quiser. Quer café? Desculpa, mas não sei fazer. Eu posso tentar se quiser, mas se não sair bom, não fique com raiva, por favor. Perdoe-me a intromissão, mas pretende ficar? Ou está só de passagem? Não quero pressionar ou apressar a visita, só saber pra quanto tempo vou ter que fazer sala, pra não me acostumar com isso, cansei de hospedes que não passaram de visitas passageiras. Pegue uma almofada e ponha sobre as pernas, me fale de você, me conte algo que eu não sei, ou que eu tenha esquecido, não me importa, gosto de ouvir sua voz, de procurar seus sentimentos em seus olhos, de analisar seu cabelo e até mesmo de ansiar seu sorriso. Quer alguma coisa? Tem água, suco, uma fruta quem sabe, um abraço também pode ser.
Me conte como vai, comente sobre o novo papel de parede, fala como anda seu trabalho (está desempregado?) e como está sua mãe, me conta um segredo, me entrega um pouquinho de você, ou só me desculpa se eu estiver sendo uma má anfitriã. A porta está aberta pra ir e vir, mas não me entenda mal, eu só entendi, como dona de um imóvel, que tem que se deixar a porta aberta para as visitas se sentirem confortáveis. Eu não quero que vá, mas a porta está aí, de frente para o sofá (talvez fosse melhor se estivesse atrás ou do lado), aberta, sem tranca nem trinco. E eu odeio ser uma boa anfitriã, ter que deixar todos a vontade, felizes e cheios, pra no fim ficar observando a porta aberta ansiosa pela próxima pessoa que vai entrar.
Mudando de assunto, o tempo está bonito, não está?! O céu está limpo e sem nuvens. Mas e aqui dentro? Tem uma nuvenzinha de tempestade, acho que ela quer chorar dentro do meu imóvel. Talvez seja medo de que se vá, de que seja como as outras visitas, que chegaram, se divertiram, e foram embora, deixando a bagunça pra mim. Entendo como a nuvem se sente, às vezes pesa mesmo tudo isso...
Ora, já está tarde, precisa ir? Ou pretende ficar pela noite? Não paga diária, só peço que arrume antes de sair, pra eu não ficar como antes, como a nuvem. Ah, e por favor, não seja educado, se não quiser ficar, não faça sala, se vá, não deixe que eu fique feliz com sua presença. Não seja mau, não me faça querer fechar a porta de uma vez, você sabe que não é bom pra ninguém.

Ah, estou falando demais. Se me der licença, vou deixa-lo à vontade para descobrir se vai ou se prefere arranjar um lugar aqui por enquanto, mas antes de sair, sorria pra mim, me deixe com essa lembrança bonita, quem sabe vire um quadro, me aqueça um pouco, às vezes a casa vazia fica fria demais pra uma pessoa só. Volte sempre, se desejar ir, as portas estão abertas, as portas desse coração, eu espero nunca fechar.

quarta-feira, 2 de julho de 2014

Novo projeto - O Mistério da Rua

Bom dia, boa tarde, boa noite! Eu tive uma ideia que estava me deixando ansiosa por criar algo novo, e dessa vez, quis postar aqui. Não é mais um dos meus textos que falam sobre tudo, e sobre nada ao mesmo tempo, é uma narração, uma história saída direto dos confins da minha mente. É apenas uma ideia que curti começar, então quero prosseguir, mas dependo um pouco da aceitação de quem lê pra continuar postando aqui, só que independente do resultado, não quero deixar de escrevê-la, mesmo que isso implique em não mostrar à ninguém. Bom, vou deixar de enrolar e postar logo o começo desse projeto que chamarei de O mistério da rua. Nome tosco, depois eu mudo.

Prólogo.

Pisquei duas vezes tentando assimilar o que se passava. Uma parte de mim saltitava alegremente vendo a casa aparentemente pequena a minha frente, outra estava basicamente em estado de choque por ter que me mudar, por ter que sair de perto daquela família a qual tomava como minha agora. Eu estava dividida entre tristeza e alegria, pesar e alívio. Uma mão frenética me tirou de meus devaneios.
                -Você não está animada? – perguntou-me Marília, minha amiga há uns cinco anos, com a euforia quase dançando ao seu redor de tão intensa e nítida.
                -Claro que estou – sorri – é só que é tão diferente, vou levar um tempo pra me acostumar.
                -Não faça drama, ainda pode visita-los quando quiser, fica a meia hora daqui.
                Assenti e sorri novamente, eu estava sendo boba por estar triste, não era? Passei mais de um ano sonhando com aquele dia, e agora ele chegou e tudo o que eu queria era voltar ao tempo em que não existia essa perspectiva. Claramente eu estava perdendo a sanidade mental. Mari sorriu de volta e começou a tagarelar sobre o fato de sermos basicamente vizinhas agora, e como aquilo era legal e sobre eu ter, enfim voltado à civilização depois de tanto tempo. Eu ria de suas palavras, mas não encontrava nenhuma brecha pra entrar naquele monólogo, então deixei que prosseguisse.
Cinco segundos depois, eu já não prestava atenção ao que ela dizia, uma sensação incomoda se fixou na boca do meu estômago, e um calafrio percorreu minha pele. Senti um olhar cravado em minhas costas, e lentamente me virei para descobrir um senhor, devia ter uns 70 anos, me encarando da varanda da casa de frente pra minha. Ele parecia estar sem comer há um mês, de tão deplorável que era seu estado físico, sua barba branca e cheia e seu cabelo ralo não me deixaram dúvidas de que era um senhor desleixado, o que entrava em perfeito contraste com as roupas formais e elegantes que usava. Franzi o cenho e tentei desviar o olhar, mas ele se recusava a sequer disfarçar, seus olhos pareciam querer perfurar meu coração, tamanha a intensidade que exercia sobre mim.
-Anna? Você tá me ouvindo? Parece que estou falando com esse poste.
Desviei o olhar da sacada para minha amiga que me olhava meio irritada, meio confusa.
-Tô sim, Mari, eu só tava tentando entender o que aquele senhor queria... – apontei para a sacada, mas achei inútil continuar a fala, já que o velho não estava mais lá.
-Que senhor? Você tá bem mesmo? Acho que esse estresse de mudança tá te fazendo mal. Vem, vamos entrar – disse ela pegando a chave do portão da minha mão e me guiando pra dentro da casa nova... da minha casa nova.

Antes de fechar o portão atrás de mim, olhei uma última vez para a sacada da casa da frente, onde estava o velho, novamente me olhando como se quisesse me passar uma frase apenas com o olhar.

segunda-feira, 23 de junho de 2014

No fim da rua

A rua estava escura, deserta, e por mais perigoso que fosse, eu gostava assim. Talvez um pouco de chuva tornasse tudo mais legal. Sim, a chuva, eu queria muito que o céu chorasse. Que ele me ajudasse a chorar também, que suas doces lágrimas levassem as minhas salgadas. Que seu riso descontente me trouxesse paz. Eu andava rápido, mas minha intenção não era, nem de longe chegar rápido em casa. Era deixar pra trás o que me acompanhava, o que vinha em minha mente e eu tentava me livrar.
Apressei o passo. Minha mente me dizia que não ia adiantar. E não adiantava, a cada minuto estava mais forte, mais pulsante ali, dentro da minha cabeça, a verdade que não queria me abandonar. Eu achava levemente injusto, apesar de conhecer o mundo e saber que seus seres eram por natureza mentirosos, sendo gentil, mas eu quis ser sincera, eu quis me abrir, mas esse mesmo mundo me fechou, me manteve num casulo de muros e grades, me mantém segura. A rua parecia mais comprida do que era, mas contraditoriamente, eu tinha e impressão de que seu fim estava próximo. O fim que eu não queria chegar.
Andei devagar, e a verdade me acompanhou, fechei os olhos e tentei não ver. Estava na minha cara, clara como águas de um rio cristalino, como um letreiro em neon de um motel de beira de estrada. Fria, assim como a chuva que não caía, ferina, assim como a arma de um assassino que perambulava pelas ruas à espera da próxima vítima. Ela ia, e eu tentava ficar. Mas não cabia a mim conseguir escapar.
Cada história tem suas variações. Cada verdade tem suas interpretações. Ora, e por que não? Por que não deixar que a vida interprete por mim? Um lado do mundo eu conheço, mas tantas outras faces me são escondidas. A verdade estava ali, cabia a mim despi-la e encontrar minha versão do conto. Um homem de bicicleta passou por mim e me disse algo que não consegui decifrar. Ao notar minha confusão, ele gritou:
-Vá pra casa menina, o mundo é cruel com aqueles que dão a chance.
Era isso que eu tinha que fazer, não dar a chance de o mundo me passar pra trás. Dobrei a próxima esquina, um quarteirão antes do fim da rua, antes da próxima avenida, e, embora eu já tivesse passado da minha casa, me sentia mais segura do que nunca. A rua escura se iluminou um pouco, o frio beijava-me como se quisesse me galantear, e veja só, um pingo de água caiu em minha testa, olhei pra cima e a chuva disparou sua caminhada das nuvens ao solo, do céu ao inferno.

Voltei dois quarteirões e parei no portão da minha casa, ainda conseguia ver o fim da rua, mas a questão é que não precisei chegar lá, não precisei do fim pra achar a saída. E era assim mesmo que eu ia levar, dobrando esquinas até que o fim fosse melhor que a curva.

quarta-feira, 18 de junho de 2014

Tchau, até mais

Tchau. Até mais. Quantos mais? Infinitos. Até amanhã. Nos vemos. Quando? Um dia, quando for casual e minha íris encontrar a tua, sem propósito, sem pulsar, sem emoção. Até mais tarde. Quão tarde? O suficiente pra esquecer. Ou simplesmente pra deixar de não querer lembrar. Adeus. Nunca mais? A eternidade é mais longa do que parece. Vá embora. Desapareça. Não volte mais aqui. Despedida? Não, despedido. Um choro de adeus. Não queria que se fosse. Uma palavra calada. Fique. Até outro dia. Pode ser amanhã? E por que não hoje? Um beijo silencioso. Um pedido mudo. Uma prece sussurrada. Se foi. Já vou.  Volte logo. Volte pra cá. Volte pra mim. Uma mão segura a sua. É a minha. Não queria que fosse. Mas eu volto amanhã. Eu volto pra você. Promete? Não me responde. Silêncio. Só uma lembrança. Acabou. Boa noite. A gente se vê. Fechou os olhos. Não quero que volte. Uma lágrima. Um sofrimento. Não quero mais vê-lo. Dói. Aperta o peito. Volto logo. Mas será que deveria voltar?  Talvez não seja meu lugar. Então onde é? Au revoir. Good Bye. Ja ne. Arricederci. Já fui. Um dia, quem sabe um dia, eu volte.

quinta-feira, 12 de junho de 2014

Enquanto dure

Esses dias, um parente me disse: cuidado, a eternidade não é tão longa assim, se acaba antes que possamos notar. E apesar de eu não ter entendido muito bem, eu concordo com ele.
                A eternidade, a nossa eternidade, daqueles que nunca vão contempla-la de verdade, está naqueles dias enumerados (parafraseando A Culpa é Das Estrelas), naquela flor que desabrochou no asfalto, naquele abraço apertado que você torcia pra nunca acabar.
                A eternidade está na agulha que pinta a pele, no medo e ansiedade pela primeira vez, a eternidade está no brilho do olhar de quem perdeu o medo. Está no sorriso sincero, e nas lágrimas de alegria, num beijo roubado e na voz que sussurra uma melodia.

                A eternidade está em você, em mim, em qualquer um que guarde boas lembranças, bons filmes, bons amigos, que se agarre a isso como modo de alegria. Parafraseando Vinicius, só é eterno, enquanto dura.

quarta-feira, 4 de junho de 2014

E se foi

Fechei os olhos e me deixei envolver, me deixei levar. Viajei por aquelas curvas desconhecidas, sinuosas, atrevidas, que me tragavam pra um mundo que eu tanto gostava. Talvez eu tenha sorrido ainda de olhos fechados, sentido tantas emoções dentro de mim borbulharem, era amor e aversão. Tristeza e satisfação. De um extremo ao outro. Uma suavidade intensa. Insana em plena consciência.
                Apertei os olhos desejando que nunca chegasse ao fim, aquele contato, no final, pertencia à mim. Ou eu pertencia a ele? Onde a ordem dos fatores não altera o produto? Estou chegando lá.
                Era como o calor no frio, o gelado no quente, era como pena de um condescendente. Era poesia, como palavras a acariciarem a pele, como frases que acariciavam o coração.

                Foi ficando distante, aonde vai? Não acabe dessa vez, por favor, eu não aguento mais! Mas de súplicas já não queria mais saber, se foi. Abri os olhos. A música acabou.

terça-feira, 27 de maio de 2014

Do outro lado da moeda

“Nada contra você ser gay, mas...”, “nada contra você ser ateu, mas...”, “nada contra você ter tatuagens, mas...”
Com quantas frases desse tipo nos deparamos todos os dias? Eu não sei você, mas eu as escuto muito, mesmo que não ditas desse jeito, e sinto uma grande vergonha alheia por isso, principalmente quando a pessoa se enche de orgulho ao dizer que não é uma pessoa preconceituosa. Abra os olhos e veja que todo mundo, TODO MUNDO, tem preconceito. Isso mesmo, desculpe acabar com seu mundo utópico e perfeito, mas eu tenho preconceito, você tem preconceito, seu vizinho tem preconceito...
                O que de fato me incomoda não é isso, é simplesmente você se fechar para o mundo por causa de um preconceito. Eu já fiz isso, já tratei mal pessoas que não mereciam por causa deste bendito pré-julgamento, e me arrependo profundamente, mas isso me ensinou a não me achar superior a ninguém, a me ter como uma pessoa diferente, mas não melhor, muito menos pior que os outros.
Hoje em dia, conheço pessoas muito diferentes de mim, que há alguns anos, eu tentaria manter distância, talvez até por vergonha do que fossem falar, e gosto tanto delas, mas tanto, que me sinto a ser humana mais imbecil do mundo por um dia tê-las julgado mal, por ter mantido distância quando a proximidade é tão boa.  
Te faço um pedido: sempre que esse sentimento atacar, coloque-se do outro lado da moeda, no lugar da pessoa, tente entender que mesmo diferente, ela também é gente, ela também sente dor, amor, paixão, tristeza. Entenda, características diferentes é o que mais temos em comum, não o contrário.

Enfim, não sou boa em fazer textos curtos, mas tentei nesse aqui, e espero ter passado o que queria.

sábado, 24 de maio de 2014

Espelho

Ele refletia aquele sorriso bobo. De quem era? Sorriso familiar, um leve curvar de lábios, mais sincero do que todos os dentes expostos, montando uma parábola positiva, e geralmente qualquer coisa que carregue o complemento positivo nos enche de alegria. Era simples, como devia sempre ser, sem força, sem nem notar que estava ali, como se a boca apenas se movesse sem qualquer comando do cérebro. Quem sabe o coração mandasse.
Aquele reflexo me parecia bonito, simples, como uma nuvem branca num dia claro, como uma estrela na noite escura, pura poesia, pura canção. Era agradável de ver, de sentir. Era como ser contagiada pelo motivo do sorriso. Sorriso esse que parecia uma brisa fresca num dia quente, era meio agridoce, como se todos os sabores se encontrassem naquelas curvas, como se os opostos entrassem em consenso para um bem comum. Laçar, ganhar, comover, apaixonar...
Nada mais charmoso do que um sorriso de criança no rosto de uma mulher, a inocência escorrendo malícia, a alma pura corrompida pelo desejo de crescer, as brincadeiras regadas de consequências... Aquela mulher do reflexo tinha sorte de ser tanto em tão pouco, de passar mais emoções em um gesto do que muitas pessoas em uma vida.
Aquele sorriso que teimava em ainda refletir, eu ainda não conhecia a dona, quem sabe fosse uma amiga, ou minha irmã? Talvez até uma vizinha, ou simples desconhecida, mas ainda sim uma pessoa de sorte. Eu? Pensando bem, a boca parecia minha, mas o sorriso não, ou quem sabe eu apenas tivesse esquecido como é sorrir sem motivo. Vivo pedindo ao mundo um motivo pra sorrir, sem ao menos lembrar que o melhor da vida é sorrir sem motivos.

É, quem sabe fosse eu aquela que o espelho refletia, mas eu iria ter que redescobrir, que inovar, que dar um jeito de nunca mais esquecer aquele sorriso tão bonito, que se reflete nos olhos de quem vê, que brilha na alma de quem sente. Aquele sorriso bobo, aquele sorriso...

sexta-feira, 23 de maio de 2014

Asas de tinta

Certa vez, quando eu era bem pequenininha, me deram um lápis e uma folha de papel, como fazem quando querem entreter as crianças, mesmo que isso queira dizer muitas paredes riscadas. Quando parti dos rabiscos para as letras, entrei em um mundo que não tinha saída, entrei no meu mundo. Foi difícil descobrir que mundo era esse, e porque eu estava nele, foi difícil até descobrir que ele existia, mas eu me toquei.
                Não sei se começou com um poema que o professor passou como atividade de casa, ou em uma história de princesas que escrevi pra minha avó, eu só sei que ali algo nasceu. E aqueles rascunhos viraram mania, aquela vontade de continuar aquelas palavras e nunca mais pausá-las parecia uma coisa normal.
                Aos quinze, entrei de vez, armada com meu caderno e uma caneta, nesse mundo que eu ainda desconhecia. Minha primeira obra, as primeiras lágrimas que recebi, a primeira vez que abri o coração para algo que não poderia me fazer sentir culpada por aquilo, para algo que, eu sabia, começava a amar. A partir daí, foi impressionante como minha mente passou a ver histórias em tudo, em todos, em mim e nos outros.
                Eu descobri nas palavras escritas, o amor que desconhecia nas pessoas, a paixão intensa por algo que não me fazia mal, não tinha olhos azuis ou fama de bad boy. Descobri os amigos que me faltaram na infância, os pais que se ausentaram na vida inteira, a coragem que nunca me visitou. Posso dizer com certeza que eu me encontrei. Descobri coisas sobre mim, uma parte obscura da minha mente que só precisava de um pouco de luz pra se rebelar, uma parte iluminada do meu coração que carecia de um pouco de escuridão para acender. Eu descobri na tinta azul de uma esferográfica, motivos para continuar pintando minha própria tela em branco.
                Quando comecei a escrever, abri minha cabeça para todas as possibilidades possíveis, passei a encarar outras mentes como minhas, a ter que respeitar aquilo que me parecia estranho, comecei a acreditar em mais do que eu sabia, e a desacreditar no que me ensinaram numa vida inteira, lentamente, me dei conta de que quem se apega ao preconceito, tem que se desapegar de muita coisa. E não valia tanto a pena assim conservar velhas ideias. Afinal, era sobre isso, sobre mudar sempre, ser uma pessoa em constante evolução, era sobre ser muitas em uma só.

                Eu descobri um amor em um lápis e uma folha de papel, e quando eu mais preciso de tudo , só isso me basta...

quarta-feira, 14 de maio de 2014

Quando chega ao limite

Domingo faz duas semanas! Duas semanas que abandonei meus dias depressivos em que nada valia a pena! Não sei o que me levou até lá, nem o que me tirou de lá, mas tenho estado tão feliz que vou até voltar a postar textos não-depressivos.
Ultimamente, venho pensado muito sobre esse negócio de amigos não gostarem da pessoa com a qual os amigos se relacionam, e sobre qual o limite sobre isso. Já passei por essa situação uma vez, minha amiga não gostava do meu ex-namorado ao ponto de ficar monossilábica quando eu mencionava o assunto super empolgada (primeiro namoro, não me julguem). Enfim, é muito frustrante, e sinceramente, se você está tentando ser feliz com alguém legal, mesmo que não seja o príncipe dos sonhos dos seus amigos, isso não devia bastar? Eles não deveriam querer sua felicidade também?
Sabe, eu pensei muito mesmo sobre isso, e cheguei à conclusão de que eu tentei (juro que tentei) nunca fazer isso com alguém que eu conheço e gosto, deixar de dar apoio ou mostrar que eu estou ali pra ele (afinal incentivar ou pelo menos não empatar algo que o faz feliz não é isso?), sejam namorados ou peguetes, eu sempre tentei manter uma boa convivência. E sinceramente, acho que é isso que se deve fazer.
Lógico que não estou dizendo que se a pessoa for problema, você deve apoiar com um sorriso no rosto, mas sim, no caso de ser uma pessoa que desagrade apenas à você. E nem vem com a conversa de que você não diz nada, não tem culpa e tal, a indiferença de alguém que gostamos é a pior forma de castigo. É só uma dica minha pra não acabar magoando alguém que você goste, e nem “impedir” sua felicidade.

Eu não vejo meus amigos como uma muleta que acompanha minha solteirice, quero que eles estejam na minha vida independente do meu estado civil, mas quando eu começo a ter medo de contar algo, ou começo a me refrear sobre qualquer coisa importante pra mim, significa que tem algo errado, afinal, eles são as pessoas que escolhi pra ter na minha vida em todas as horas.

quinta-feira, 3 de abril de 2014

De tanto ter e querer

Ela tem no olhar o brilho de uma lágrima, e nos ouvidos, a melodia de uma canção de coração partido. Ela nem ao menos sabe o que ainda o partia, o coração, quero dizer. Ela só quer que pare de doer, nem chega mais a acreditar que seja por ele, o problema é ela. Aquela velha vontade de desistir de tudo está se tornando cada vez mais presente. Ela quer desesperadamente que aquela vozinha que diz em seu ouvido que nada ficará bem se cale. Mas não cala.
Ela quer que o mundo volte a ter cores, ela quer encontrar o amor de novo. Mas ela não quer amar outra pessoa. Só a ela mesma. Ela quer apenas voltar a sorrir como antes. Ela tem um rastro salgado pelo rosto. Ela quer álcool pra escapar da realidade, e um livro pra fugir de sua vida. Ela quer uma porta aberta, mas só consegue ver paredes. Ela tem os olhos fechados para sentir melhor, e um sopro de esperança percorrendo seu interior. Mas que brisa leve, incapaz de mexer em algo.

Ela quer desistir de tudo, ela tem certeza de que não pode, mas ela não sabe como prosseguir. Ela só quer que tudo não termine, mas fiquei bem.

domingo, 30 de março de 2014

O texto mais sincero do fundo do peito

Amor... Amor cantado, amor sentido, amor sonhado, amor vivido, amor deixado, amor escrito, amor quebrado, amor torto, amor, amor, amor... Quando pouco parece muito e muito parece nada. Quando o que nos satisfaz não está por aí, ele está em um lugar específico, ignorando uma das suas cinco mensagens, ou suspirando pelo pequeno texto que você teclou e apertou enter, usando uma coragem até pouco tempo atrás desconhecida. Quando um apelido ridículo se torna necessário, e aquela vozinha de bebê não parece tão cafona assim. Quando você acha que pode se jogar no mundo sem medo. Quando a queda é maior do que parecia.
                Me lembro de muitos “amores”, alguns nem tão amados assim, mas que gosto de lembrar como parte importante de um coração amante. Desde a platônica paixão pelo garoto mais charmoso – aos meus olhos – da sala, até aquele que de fato encostou os lábios nos meus. Teve aquele, que tinha a janela colada com a minha e que de primeira eu jurava que os olhos castanhos brilhantes eram azuis. Que tinha 22 anos, enquanto eu tinha 15. Que tinha namorada e uma moto. Mas que o coração acelerava quando ele passava pelo corredor com seu perfume que eu reconhecia a 500 metros de distância. Aquele que me beijou enquanto eu estava sentada na janela, com o capacete pendurado no braço. Uma boa lembrança. Se aquela janela falasse...
                Teve outro, aquele carinha da minha sala na faculdade de jornalismo. Meus dedos eram ágeis na horas de conversas virtuais, mas quando os olhos dele cruzavam com os meus, minhas cordas vocais se recusavam a se mover. Aquele carinha que me deu um bombom na páscoa. Secretamente, ainda guardo aquele papel de embrulho. O mesmo cara que me confidenciou, depois de uma declaração tosca, que era a fim de uma amiga. Por mais estranho que seja, me sinto orgulhosa de dizer que funcionei como cupido, mesmo tendo mudado de curso, de faculdade e de estado. De sentimento também. Amigo. Hoje nós somos. E como isso me deixa bem.
                Outro que cruzou seu caminho no meu, foi ele que me beijou como presente de dia das crianças ao lado de uma tenda eletrônica. Que tanto me disse coisas cruéis, como me fez sentir raiva. De mim. Dele. De nós. Ele que já tinha um futuro certo com uma menininha, e me fez ter esperanças vãs que talvez, ele também tenha tido. Ele que me contou coisas que não deveriam ser contadas ao mundo, que me acolheu em seu peito e me levou até a parada de ônibus. Até nossa última parada.
Teve também aquele da vida nova, que durou um pouco mais, ao qual escrevi uma carta, ao qual me peguei apaixonada por mais de um ano. Aquele que me fez pensar conhecer o amor pela primeira vez. Aquele que me beijou pensando em outra. Aquele que terminou o que nem tínhamos começado ainda por causa da outra. Aquele cujo abraço ainda me fascina. Aquele que superei quando surgiu algo maior.
                Eu achava que era. Esse outro aquele... Foi o primeiro que me fez ver uma vida a dois. Foi o primeiro que chamei de namorado. Foi o primeiro a me deixar quando tinha prometido ficar. Mas não foi o primeiro pra quem fiz textos, nem será o último. O que me lembra...
                Eu nunca fiz um texto pra esse outro cara, o que elogiou meu sorriso e me encantou com o seu, tão raramente apresentado, pelo menos não até ele me pedir desculpas por ter me deixado por outra. Um ano depois. Esse que voltou pra minha vida. Que disse que gostou do meu beijo, e estava feliz por ainda ter meu cheiro em sua camiseta. Esse que parecia meu oposto, mas ainda parecia certo.

                Ah, coração, quantos amores mais será capaz de aguentar? Espero que muito, uns mais intensos, outros mais carnais, outros que durarão um mês, outros uma vida inteira. Quem pode determinar o limite de um coração amante por natureza? É como diz aquela música: coração não é tão simples quanto pensa, nele cabe o que não cabe na despensa...

segunda-feira, 17 de março de 2014

Circo de horrores

Por detrás da cortina eu podia visualizar o palanque perfeitamente, o palhaço da vez estava de costas para mim fazendo sua apresentação. A plateia ria com gosto a cada frase que ele dizia, mas sua expressão me deixava cabisbaixa, como se não houvesse graça ali, embora eu não conseguisse decifrar suas palavras. Tive a leve sensação de estar no lugar errado.
                Elevei as mãos e toquei a maquiagem pesada que encobria meu rosto, um enfeite de cabelo incrustado de pedra adornava meus cachos, e pedrinhas menores e mais leves estavam presas no meu rosto, formando uma linha do canto do olho até perto da orelha. Sem dúvidas a produção estava correta, e de acordo com o palanque a minha frente. Desci minhas mãos pela lateral do corpo, alisando o colan mesclado de branco e azul. Também condizia com a apresentação. Mas o que eu ia apresentar? Minha produção, tão linda, parecia a de uma contorcionista. No entanto, eu não era nem um pouco flexível. Talvez uma dançarina, só que não me vinha a mente nenhuma coreografia pronta.
                Só restava esperar que o palhaço descesse do palco, e talvez ele soubesse alguma resposta. A expressão de sofrimento do cara com o nariz vermelho agora me assustava, eu não queria subir lá, o picadeiro parecia grande demais pra mim, como se fosse me esmagar quando pusesse os pés no centro. O palhaço fez uma reverência sofrida e veio em minha direção, a plateia ovacionou de forma feroz, quase clamando por mais. Ele passou por mim ignorando meus chamados, ora, será que não me ouvia? Antes de sumir entre as sombras, ele se virou para mim e sua expressão assumiu um ar de pena. Você é a próxima, quase pude ouvir seus lábios pronunciando, embora eles nem tivessem se movido.
                Não, eu não quero ir! Tentei correr, mas mãos vindas de todos os lugares me impediram. Quem eram aqueles? O cuspidor de fogo, o cara dos cavalos, o homem que andava em monociclos absurdamente altos, todos os que compunham um show de horrores juntos comigo. Eles me jogaram no picadeiro, e como suspeitei, ele era demasiadamente grande, mas não me engoliu como previra. Eu travei, sem saber o que falar, apenas um grito estrangulado ecoou, eu quero sair daqui! A plateia se desfez em risos, era isso que eles queriam. Como podiam ser tão cruéis? Acho que comecei a chorar, borrando a maquiagem perfeitamente pintada em meu rosto. Mais risos. Tentei focalizar o olhar naqueles que me aplaudiam, me surpreendi quando notei que algumas pessoas não riam de mim, aliás, elas pareciam ter pena de mim.

                Ora, pena ou graça? Era apenas isso que fazia meu show? Que tal algo mais? Sorri. Ri. Ri muito alto, como se a plateia me divertisse, como se a vida de cada um ali fosse um show particularmente engraçado. Eles pararam, agora eu era a única a me divertir. Fitei cada um nos olhos, e soube de imediato que eles riam mais satisfeitos por não estarem no meu lugar, por medo de serem as aberrações da vez, do que de mim em si. Eles riam para não ter que chegar a vez deles. Fiz uma pequena reverência e desci do palanque daquele circo de horrores. Minha vez ia chegar de novo. Eu ia voltar ao picadeiro e talvez me saísse bem pior que hoje. Mas naquele dia eu tinha vencido. Eu tinha ganho o espetáculo do dia no circo de horrores. Também conhecido como vida real.

sexta-feira, 14 de março de 2014

Muito prazer

Muito prazer, meu nome é...? Otária? Yohanna? Indecisa? Sofredora? Boba? Chata? São tantos adjetivos, tantas formas de me chamar, que às vezes esqueço qual é a correta. Mas poxa, quem sou eu? Será que eu já soube?
                Estava na parada de ônibus hoje, quando observei uma borboleta voando através da avenida para chegar ao outro lado. Em meio a tantos carros em alta velocidade, tanta pressão do ar sobre ela, suas asinhas pequenas ainda lutavam contra a corrente para chegar ao outro lado. Ela sabia pra onde ia, pra onde tinha que ir. Ela devia saber quem era. Privilégio de seres não pensantes. Já eu não sabia pra onde tinha que ir, ou pra onde queria ir, eu só ia entrar no ônibus provavelmente lotado, rumo ao lugar onde me diziam que era corretor ir, e todas as minhas dúvidas e incertezas iriam comigo, quer eu seguisse aquele caminho ou não, quer eu pegasse a 06 ou o Conjunto Ceará/Aldeota.
                E o que eu podia dizer que realmente sabia? Acredito que minha única certeza é a dúvida. Fui tecida por várias pessoas diferentes, alguns pedaços foram feitos por mim mesma, mas sempre com um toque alheio. Talvez cada fio que se enrosca e forma essa colcha de retalhos de 19 anos de idade traga um questionamento com ele. Inclusive se essa analogia foi bem empregada. Talvez. Aqui está uma palavra que eu gosto: talvez. É o delicioso sabor da incerteza, que tanto amarga quanto atiça. Mas até o mais doce dos remédios vira veneno em dose exagerada. E quem pode dizer que estou certa?
                Errada, errante, ultrapassada ou sempre um passo adiante? Quantos pontos de interrogação são necessários pra se formar uma certeza? Quanta sabedoria é necessária pra se acabar com a felicidade? Quantos questionamentos são precisos pra acabar com a paciência de quem responde? Quantas pontuações são usadas pra me fazer? Vários pontos finais, interrogativos, que exclamam, ou deixam a dúvida no ar...

                Que posso dizer, além de muito prazer, meu nome é você quem decide, pois eu ainda não achei um resposta que agradasse a todos.

quarta-feira, 5 de março de 2014

Assunto: me perdoa

Para: bipolar.
Assunto: Desculpa.

Me desculpa. Desculpa mesmo, mas eu não consegui esquecer. Eu não consegui passar esse último dia cinco sem pensar no que poderia ser, ao invés do que não é. Talvez seja aquela pessoa que completa meses de namoro no mesmo dia em que nós completávamos, talvez seja a esperança de que não fosse o fim, ou talvez sejam apenas aquelas lágrimas presas na garganta, implorando pra sair, pra gritar em silêncio que o coração anda despedaçado por sua causa. Não que eu te culpe, você simplesmente não podia fazer nada por mim, aliás, não devia. Foi culpa minha, da minha carência, do meu egoísmo, do meu... Amor? Sim, dele também. Afinal, o primeiro amor deixa a gente sem saber como agir, né? Era novo, era desconhecido, dava medo, mas eu tentava me convencer de que eu não precisava me preocupar. Agora preciso de novo. Mas me preocupar com o quê? Nem sei o que sobrou. Aliás, sei que eu sobrei, mas parece tão fútil me preocupar só comigo, não ter que pensar em mais ninguém. Enfim, o foco não é o que sobrou, mas simplesmente o que foi embora. Sabe, não é raro eu me perguntar se você ainda pensa em mim como eu penso em você, ou pelo menos um pouquinho. E quantas vezes eu não consegui me impedir de pensar se você realmente me amou, ou se foi só uma enganação pra nós dois. Eu tenho medo da resposta. Ah, me desculpe a covardia também. Mas saber que você me esqueceu tão facilmente seria demais pra mim. Não vou prolongar isso, escancarar ainda mais um coração já aberto, mas quero que saiba que eu sinceramente peço desculpas por não conseguir deixar de pensar no talvez, no que o coração quer, no que ele ama.

domingo, 16 de fevereiro de 2014

Na ponta de borracha

Poderia ter sido bom, ou até um pouco mais que isso (não já estava sendo?), mas você preferiu seguir sozinho, desfazer nossos caminhos, me tirar da sua rota. Engraçado, eu achei que tinha encontrado alguém que me ajudasse a caminhar por essas estradas, cujos caminhos só passo a conhecer depois de trilha-los. Sério, eu acreditei nisso.
Não, eu não creio que isso seja necessário, digo, alguém pra viver sua vida com você. Mas admito que a ideia me agrada. E passou a agradar mais ainda quando te conheci. Mas e daí? Essa estrada de dois, apenas um pode trilhar, e todos fazem questão de nos lembrar isso quando nos deixam. O problema maior são aqueles que nos fazem acreditar que nunca mais andaremos sozinhos. É chato. Acreditar, quero dizer. Eles vão. Por sua causa, por causa deles, por causa do destino ou por causa da falta de um.
Seja como for, sou obrigada a dizer, com a sinceridade que gosto de usar, que sempre gostei da solidão, ela me conforta, me deixa à vontade. Mas por você, eu fiz uma brecha, comecei a me convencer de que dois podia ser um bom número, uma boa nota, uma excelente junção de um mais um. Talvez seja. Depende de cada “um”, literalmente. Nesse caso, não casou. Ok, chega de combinar palavras. O que importa são os caminhos, não as rimas (mas de que seriam feitos os caminhos senão de versos e poemas?).
                Quantas vezes essa mesma linha foi escrita, e apagada em seguida? Posso dizer, com a certeza, de que muitas. Pena que isso não possa ser feito aqui, na real. Todas essas linhas pelas quais canetas já deslizaram, deixando sua marca, são duradouras, perecendo apenas com o passar do tempo (quando não passarão de nada). Sejam caminhos ou linhas, tudo até aqui já foi feito. O que não quer dizer que faça sentido. Como esse último parágrafo. Sentido, razão, lógica, ou nada. E daí? Quem liga?
                Eu. Eu ligo. Eu ligo pro parágrafo, pras linhas, pros caminhos, pras pessoas que se foram, pras promessas que insistiram em ficar. Eu ligo se faz sentido ou não. Eu ligo se estou sozinha ou acompanhada. Eu ligo pra trilha sonora da caminhada. Eu ligo pra isso (afinal, isso sou eu). Mas se for pra usar de sinceridade de novo, eu diria que a cada vez que uma promessa vem, e uma pessoa se vai, eu deixo de ligar um pouco. Que valem os caminhos? Não tem ninguém pra me guiar, ou me deixar guia-lo. Que valem as linhas, sem ninguém para lê-las? Que vale a solidão, se ela é tudo? Se não dá pra fazê-la diferente?

Passo um. Passo dois. Linha três. Canção quatro. Quinto capítulo. Sexto álbum. Sétima avenida. Oitava ruela. Nona sinfonia. Décimo livro. Autor: eu. Coautores: vagas abertas, algumas já preenchidas. Término previsto: até onde a tinta da caneta, a pilha do rádio e a sola das sandálias durarem.

sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

Se sozinha não quer mais ficar

                -Garçom, por favor, me traz uma vodka com energético – pedi ao cara de gravata borboleta preta e camisa social branca que parou ao lado da cadeira em que eu estava e me ofereceu um sorriso.
                -Sim, senhorita. Deseja algo mais?
                Ele de volta, pensei, para em seguida negar com a cabeça. Onde aquele idiota está? Já devia ter chegado, quase uma hora de atraso só é justificado por um AVC ou situação de quase morte parecida. Mas no caso dele, podia ser só o cabelo, que não estava querendo ficar na posição topete perfeito. O garçom trouxe a bebida. Tomei um grande gole sem utilizar o canudo, na tentativa falha de me acalmar. Era meio desestimulante estar ali esperando meu amigo num bar lotado de pessoas sorridentes e sociáveis, enquanto eu era obrigada a olhar o celular de segundo em segundo esperando uma resposta para as minhas 20 mensagens anteriores, e evitar a carranca. “ONDE VOCÊ ESTÁ DEMÔNIO?”. Lá se foi a 21. Suspirei e bloqueei a tela do celular, mas deixei minha mão por cima dele, para o caso de vibrar e eu não ouvir.
                -Mas não fica assim anjinha, não precisa de tanta tristeza.
                Ouvi um fungado, e em seguida um choro baixo.
                -Mas... Ele... Eu não...
                -Eu sei que não, mas foi o certo, ok? Era melhor pra vocês dois.
                Engraçado, parece minha consciência falando pra mim. E aprumei na cadeira e me estiquei um pouco para o lado da mesa onde as meninas estavam.
                -Mas por que o certo tem que doer tanto?
                -Amiga, você só ia se machucar se levasse adiante. Ele não disse que precisava de tempo? Você deu isso a ele, foi altruísta sim, mas pelo menos você respeitou a vontade de uma pessoa que ama.
                A garota pareceu intensificar o choro. A verdade parecia machuca-la muito. Isso às vezes me levava a me perguntar porque as pessoas não podem pelo menos se iludir um pouco com mentiras e se permitirem serem felizes. A resposta me acertava como um tapa segundos depois que eu me indagava.
                -Mas é injusto! – ela estava inconformada.
                Não vi a reação da amiga dela, mas tive a impressão de que ela a abraçou, pois o som de choro ficou meio abafado. Cheguei a conclusão de que meus sentidos se apuravam quando eu estava curiosa. Apertei o botão do celular, ainda não tinha nenhuma resposta. Voltei a prestar atenção ao meu redor, esperando mais alguma coisa daquele diálogo, o que não tardou muito.
                -Sabe, dói tanto ver seu nome no bate-papo do Facebook e saber que ele nem se interessa em falar comigo, dói tanto saber que eu estou aqui chorando por ele, e tem a grande probabilidade de ele estar com os amigos dele, nem lembrando que eu existo. Machuca tanto me fazer de orgulhosa e não mandar nem um oi, me destrói pensar que eu devia ter guardado todos aqueles eu te amo, que eu devia ter guardado meu coração melhor. Quando eu vou poder me jogar de cabeça, sem me preocupar em quebrar a cara?
                Nossa, esse discurso me pegou desprevenida. Eu sabia muito bem como ela se sentia. Aliás, acho que todo mundo, homem e mulher, identifica alguma parte de sua vida com as palavras daquela garota cujo rosto, corpo ou cabelo eu apenas imaginava como eram.
                -Eu te entendo. Mas sabe que não foi em vão.
                -Sei! – ela quase gritou. – Eu sei! Por isso mesmo dói tanto. Se tivesse sido, se eu realmente acreditasse que ele nunca sentiu nada por mim seria mais fácil. Mas aí que fica o problema, eu acredito que ele realmente gostava de mim. O que eu fiz de errado? – ela finalizou, mal conseguindo terminar a frase por conta do choro que apertou.
                Demorei alguns segundos pra notar que meu celular vibrava em baixo da minha mão. Atendi.
                -Amor meu, de toda a minha vida! Tá segurando algo pontiagudo?
                -Não, Leo, ainda não.
                Ufa, que bom, porque eu já estou chegando. Mantenha-se longe das facas e garrafa, sei que sua mira não é muito boa, mas tenho medo de me acertar quando estiver passando pela porta.
                E desligou. Atrevido! Se atrasa uma hora e ainda fresca com minha cara. Eu devia mesmo pedir uma faca. Mas deixei o telefonema de lado e tentei voltar a prestar atenção à conversa.
                -Não adianta. Eu sei que posso chorar um rio amazonas completo, ele não vai voltar pra mim – aquela última frase saiu com sofreguidão, como se ela tivesse medo de dizer e ser totalmente verdade.
                Mas ao que parece, era.
                -Amiga, você é linda, jovem, tem o coração grande e o sorriso fácil, não deixa ninguém estragar isso. Não deixa que uma pessoa que cometeu a burrice de ir embora da sua vida faça de você refém de seus próprios sentimentos. Não foi a primeira, e nem será a última vez. Mas uma hora, vai dar certo.
                Frases prontas. Nossa, que original! Quando algum amigo meu resolve me consolar bancando o Facebook, só consegue uma portada na cara, mas a garota parece que se convenceu de que era melhor tentar absorver aquelas palavras, pois ficou em silêncio.
                -Não deixe de ouvir músicas bonitas, românticas, ou ler livros melosos, não deixe que alguém te estrague, não deixe que te esfriem. Seja quem for. Eu não o conheci, mas tenho certeza de que em nenhum momento a intenção dele foi te machucar. Tenho certeza de que foi só... Azar, uma obra do destino. Talvez vocês fossem um pouco imaturos pro que estavam sentindo. Talvez ainda não fosse a hora.
                Ai! Não é só de frases feitas que se fez aquela garota. Parece que ela andou lendo um pouco mais do que as postagens dos poetas do Facebook. Senti até um pouquinho de orgulho alheio. Tenho a impressão de que a outra menina se jogou nos braços da amiga. Pelo menos era o que eu faria.
                -Vamos pra casa? Te faço um balde de pipoca e uma panela de brigadeiro.
                A outra gemeu animada e as ouvi chamando o garçom. Quando pagaram a conta, passaram ao meu lado, assim pude dar forma às duas pessoas que conversaram quase comigo durante aquela noite. Elas eram muito parecidas comigo, não fisicamente, mas cada uma carregava consigo um pouco de mulher, e um pouco de menina. Cada uma tinha marcas da vida no sorriso de criança. Cada uma tinha um pouco de fel no doce dos olhos.
                -Desculpa, amoooooora da minha vida! Me atrasei um pouquinho, mas vou te contar, acordei em um badhair day que só Afrodite na causa – gritou Leo, chegando coma  sutileza de um elefante bailarino.
                -Tudo bem – respondi ainda pensando nas meninas que saíram há pouco do bar.
                -Ué, você ainda não gritou e não tentou me matar com a toalha da mesa. O que aconteceu?
                -Acho que... Descobri que não estou sozinha.

                Ele me encarou com as sobrancelhas arqueadas, mas eu apenas sorri. Por um momento, eu tinha esquecido disso. Que toda aquela dor me fazia humana, e se me fazia humana, me fazia igual a muitas outras pessoas. Pessoas felizes, sorridentes, que não se deixavam vencer pelas feridas, ou pessoas que simplesmente não aguentavam a dor, que pereciam diante dos olhos de quem mais se preocupava com elas. Eu tinha que escolher qual dessas eu ia ser. E eu não ia me render a um sentimento, tendo tantos outros borbulhando dentro de mim. E o mais importante, eu não estaria sozinha, com ou sem ele, com o coração inteiro ou estilhaçado. Eu sempre teria alguém ao meu lado.

terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

Vago


Olhei pra trás, em busca daquilo que senti falta. Mas o que era? Eu tinha sentido falta de algo, mas sinceramente não saberia dizer o que era. Sonhos... Olhei para frente em busca de respostas, eu não via nada. Nem saberia dizer o que eu esperava ver. Olhei para os lados, procurando alguém que me respondesse, que me tirasse dúvidas. Não tinha ninguém, mas não importava, eu não sabia mesmo quem queria que estivesse ali. Ergui a cabeça, fitando o céu. Estrelas? Lua? Sol? O que era pra ter lá em cima? Desejei que o céu fosse um grande quadro em branco, esperando o pincel de um artista enquanto conservava-se vazio, pois era tudo que eu via.

Olhei para baixo. Terra... Asfalto, estrada, cimento, grama, mato... O que era aquilo? Semicerrei os olhos tentando distinguir a imagem. Poderia ser tudo, e ao mesmo tempo poderia ser nada. Podia ser o céu, ou o inferno, podia ser os Campos Elíseos, o Tártaro, o Olimpo, o quintal da casa em que cresci, a varanda da casa em que vou viver, a terra do cemitério onde me transformaria em pó, e podia não ser nada disso.

Olhei pra dentro, numa última esperança de ver algo. Mas tudo parecia tão... Vago. Gritei, mas aquele som ecoou, como acontece em um quarto vazio ou à beira de um precipício. Eu não tinha ideia de qual dos dois estava à minha frente. Um passo adiante, mas o que sustentava aquele passo? Olhei pra baixo, lá no fundo. Tinha uma coisa brilhando fracamente, como se a pilha estivesse fraca. O que era aquilo?

Segui pela trilha de nada até chegar perto. Notei que ele pulsava com um esforço imenso, não parecia que ia durar mais que alguns movimentos. Não, talvez nem o próximo suportasse. Sua aparência era tão cansada, que me surpreendi que ainda lutasse por aquela luz fraca, aqueles movimentos quase extintos. Olhei ao redor, tudo era escuro. A luz vinda daquilo a minha frente não parecia capaz de iluminar nem meus próprios pés. Aproximei meu rosto da luz rosada, de pertinho, dava pra notar meu equívoco, era vermelho. Tanto a luz, quanto o que a emitia. Ergui a mão e o toquei, em um pulo pareceu-me que as pulsações haviam aumentado um pouco, a luz agora me permitia ver meus joelhos.

Segurei-o entre minhas duas mãos. A cor se avivou, a luz agora me cegava. Fechei os olhos com força, deslumbrada. O que era aquilo que eu via de olhos fechados? Um rosto? Quem era? Aliás, quem eram? Esperem! Não se vão! Fechei minhas mãos entorno daquilo com mais força, sentindo-o encher-se de vida, pulsar forte, colorir o ambiente ao meu redor. Abri os olhos. Nada mais prendia aquilo que eu segurava. Ao meu redor, os rostos que vi de olhos fechados sorriam pra mim. Eu sorria? Olhei para minhas mãos. Aquilo parecia... Um coração? Como eu não havia identificado antes? E de quem... Era meu? Mas estava quase... Morto. Eu estava quase morta. Os rostos! Eu os reconhecia! Eles... Me lembravam... Cenas? Um filme? Mas o quê? O que era aquilo? Aquela garotinha parecia comigo. Era... Eu. Era minha vida que passava naquelas paredes. Era o fim? Eu estava morrendo? Olhei para o órgão em minhas mãos, ele pulsava com força, não parecia perto do fim.

Estalou. Entendi. Eu estava quase morta. Mas não estava. Não era minha hora. Eu não podia me render. Recoloquei o coração em seu lugar e voltei pela trilha que parecia feita de lembranças. Corri até o lado de fora, esperando não ser tarde. Emergi com força, caindo deitada. Abri os olhos. Eram estrelas! Céu negro. Apalpei o chão ao meu redor. Grama. Pelo toque ainda molhada de orvalho. Passeei minhas mãos pelo meus corpo, parando no peito. Eu sentia o pulsar forte, acelerado. Olhei para os lados, não tinha ninguém, mas eu sabia quem queria que estivesse ali. Era isso! Olhei pra trás. Sorri e voltei a fitar o céu. Eu sentia falta de mim. Eu sentia falta de me sentir viva.

quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

13 + 1


                Então, 2014 chegou, mais um ano acabou, foram tantas coisas que aconteceram, mudaram, acabaram, começaram... Tanto que eu aposto que você nem lembra de tudo de importante que aconteceu. Enfim, hoje, dia dois de janeiro de 2014, me veio uma ideia a cabeça enquanto eu tomava banho: fazer uma lista de 14 coisas pra simbolizar o novo ano (simbolizar sim, não ia fazer de 2014 coisas). Coisas aleatórias sabe?! Principalmente coisas que aconteceram em 2013. Vamos começar? Quem sabe você não faz uma também e manda pra mim?!

1-      Simpatias...

Bom, depois de tentar pular as setes ondinhas na virada do ano, e ganhar apena sum pé torcido, eu, que nunca fui muito de acreditar nisso, cheguei a conclusão de que a melhor simpatia que você pode fazer é: ser simpático com as pessoas ao seu redor, ser gentil e trata-las bem. Cativar as pessoas ao seu redor, mostrar a elas que elas são especiais, ou simplesmente ser educado é a melhor forma de conseguir um namorado/marido, amigos, ajuda...

2-      Espere, espere... Esperança!

Sim, eu acredito nesse clichê de que pra começar muito bem esse novo ano você precisa de muita esperança! Esperança de que coisas boas aconteçam, não só pra nós, mas pra todos, de que as coisas difíceis não se tornem impossíveis, de que tudo que já é bom vai ficar melhor... Só tenha esperança.

3-      Aumenta o som!

Bom, ontem, uma amiga reclamou comigo que eu não postava mais as playlists. Não vou mentir, as festas de fim de ano me distraíram muito e me privaram de tempo também, mas o que mais me desmotivou foi o fato de ninguém demonstrar muito interesse. Eu pedi na postagem em que sugeri isso e vocês aceitaram, que me ajudassem a não perder o interesse, comentassem, seja no blog ou só comigo mesmo. Não posso mudar essas semanas que passei sem fazer e nem prometer que vou voltar a postar, mas posso fazer essa playlist com as 14 músicas mais especiais pra mim ao longo da minha vida:


Perfect – Simple Plan
Your love is a lie – Simple Plan
Refrão de bolero – Engenheiros do Hawaii
Ana Júlia – Los Hermanos
Pra sempre teu – Soulpop
Tu – Kudai
You belong with me – Taylor Swift
Tear drops on my guitar – Taylor Swift
Love Story – Taylor Swift
Uma brasileira – Paralamas do sucesso
When I was your man – Bruno Mars
Faroeste caboclo – Legião Urbana
Índios – Legião Urbana
Garotos II – Leoni

Confesso que eu não soube selecionar muito bem as músicas, faltaram muitas, talvez mais importantes do que algumas citadas, mas essas foram as que me vieram à mente agora, e sem dúvidas, cada uma delas tem lembranças e sentimentos especiais pra mim.

4-      Cuide bem do que é seu

É incrível ver o quanto as pessoas desdenham das coisas que elas têm, inclusive da nossa casa. Parece que houve um pequeno erro nessa frase né? Eu comecei em terceira pessoa do plural, e terminei em primeira pessoa do plural, mas calma, eu explico o motivo dessas silepse: estou falando da casa que todos os seres vivos da terra habitam, o próprio planeta. É só um pedido meu, mas comece 2014 demonstrando seu respeito pelo planeta, pelos seus habitantes e por você mesmo, afinal, você também usufrui dessa moradia. Não jogue lixo no chão, não destrate um animal apenas pelo fato de ele não ser de raça ou não ter um lar, não desperdice água ou comida, e não esqueça de que tudo o que temos, é passageiro, incluindo nosso planeta, mas cabe a gente não deixar que ele se acabe antes de nós.

5-      Permita que o amor invada sua casa e coração

É isso, não tenho muito o que falar nessa quinta posição, só se deixe agir com amor em tudo o que você faz. Procure não fazer apenas o que você ama, mas amar aquilo que faz.

6-      As vantagens de ser leitor

Sexta posição baseada em um dos livros que estou lendo (As vantagens de ser invisível). Esse meu conselho é de ouro: leia. Não importa o quê, a melhor forma de passar o tempo e abrir a mente é vivendo a história de outra pessoa, e não há forma melhor de fazer isso do que lendo um bom livro.

7-      Família, família...

Eu amo a minha, e você? 

8-      Presentes!

Bom, não dá pra fazer uma lista dos 14 melhores presentes que eu ganhei no fim do ano porque, bem, eu não ganhei tudo isso, por isso decidi fazer dos quatro melhores presentes!

Um kit de mini esmaltes
Um pen drive dos Angry Birds
200 reais pra gastar em livros (esse foi de eu pra mim)
OS perfumes da linha Street & Glam da Capricho

9-      Liste-se

Eu fiz uma lista de metas pra 2014 no dia 31 de dezembro, não vou postá-la porque tanto ficou grande demais, como porque achei muito pessoal, mas acho legal fazer uma desse tipo pra que no fim desse ano você veja o que conseguiu mudar em si mesmo ou conquistar.

10-   Linhas tortas e certas

Os 14 livros que mais gostei de ler em 2013:

Depois dos quinze
De volta aos Quinze
Era uma vez (livro de contos)
Mapas do acaso
Saga A mediadora: A terra das sombras, O arcano nove, Reunião, A hora mais sombria, Assombrado e Crepúsculo.
O livro das princesas
Minha vida Fora de série 1 e 2
Quem tem medo de escuro?

Conta direitinha que tem os 14 aí.

11-   Bem estar, é estar bem

Acho que roubei o slogan de uma marca de cosméticos, mas não sei de qual. Cuide de você mesmo, por dentro e por fora. E dessa vez não estou falando de estética, mas de saúde mesmo.

12-   Musique-se

Deixe a vida se transformar em um álbum do seu cantor favorito, misturando as melhores canções de amor e fossa. Vire seu próprio maestro.

13-   Show

Tenho certeza que não contabiliza 14, mas vou listar os shows que fui em 2013, ou pelo menos os que eu considerei:

Humberto Gessinger (2x)
Clarice Falcão
Villa Mix (vale por seis)
Paralamas do Sucesso
Jorge e Mateus

Espero que eu tenha esquecido algum, porque parando pra pensar, foi muito pouco. Acabou de virar uma meta pra 2014 ir a mais shows de bandas que eu gosto.

14-   Be happy

Seja feliz, busque ser feliz, faça o bem e o resto e consequência.