Amor... Amor cantado, amor sentido, amor sonhado, amor
vivido, amor deixado, amor escrito, amor quebrado, amor torto, amor, amor,
amor... Quando pouco parece muito e muito parece nada. Quando o que nos
satisfaz não está por aí, ele está em um lugar específico, ignorando uma das
suas cinco mensagens, ou suspirando pelo pequeno texto que você teclou e
apertou enter, usando uma coragem até pouco tempo atrás desconhecida. Quando um
apelido ridículo se torna necessário, e aquela vozinha de bebê não parece tão
cafona assim. Quando você acha que pode se jogar no mundo sem medo. Quando a
queda é maior do que parecia.
Me lembro
de muitos “amores”, alguns nem tão amados assim, mas que gosto de lembrar como
parte importante de um coração amante. Desde a platônica paixão pelo garoto
mais charmoso – aos meus olhos – da sala, até aquele que de fato encostou os
lábios nos meus. Teve aquele, que tinha a janela colada com a minha e que de
primeira eu jurava que os olhos castanhos brilhantes eram azuis. Que tinha 22
anos, enquanto eu tinha 15. Que tinha namorada e uma moto. Mas que o coração
acelerava quando ele passava pelo corredor com seu perfume que eu reconhecia a
500 metros de distância. Aquele que me beijou enquanto eu estava sentada na
janela, com o capacete pendurado no braço. Uma boa lembrança. Se aquela janela
falasse...
Teve
outro, aquele carinha da minha sala na faculdade de jornalismo. Meus dedos eram
ágeis na horas de conversas virtuais, mas quando os olhos dele cruzavam com os
meus, minhas cordas vocais se recusavam a se mover. Aquele carinha que me deu
um bombom na páscoa. Secretamente, ainda guardo aquele papel de embrulho. O
mesmo cara que me confidenciou, depois de uma declaração tosca, que era a fim
de uma amiga. Por mais estranho que seja, me sinto orgulhosa de dizer que
funcionei como cupido, mesmo tendo mudado de curso, de faculdade e de estado.
De sentimento também. Amigo. Hoje nós somos. E como isso me deixa bem.
Outro
que cruzou seu caminho no meu, foi ele que me beijou como presente de dia das
crianças ao lado de uma tenda eletrônica. Que tanto me disse coisas cruéis,
como me fez sentir raiva. De mim. Dele. De nós. Ele que já tinha um futuro
certo com uma menininha, e me fez ter esperanças vãs que talvez, ele também
tenha tido. Ele que me contou coisas que não deveriam ser contadas ao mundo,
que me acolheu em seu peito e me levou até a parada de ônibus. Até nossa última
parada.
Teve também aquele da vida nova,
que durou um pouco mais, ao qual escrevi uma carta, ao qual me peguei
apaixonada por mais de um ano. Aquele que me fez pensar conhecer o amor pela
primeira vez. Aquele que me beijou pensando em outra. Aquele que terminou o que
nem tínhamos começado ainda por causa da outra. Aquele cujo abraço ainda me
fascina. Aquele que superei quando surgiu algo maior.
Eu
achava que era. Esse outro aquele... Foi o primeiro que me fez ver uma vida a
dois. Foi o primeiro que chamei de namorado. Foi o primeiro a me deixar quando
tinha prometido ficar. Mas não foi o primeiro pra quem fiz textos, nem será o último.
O que me lembra...
Eu
nunca fiz um texto pra esse outro cara, o que elogiou meu sorriso e me encantou
com o seu, tão raramente apresentado, pelo menos não até ele me pedir desculpas
por ter me deixado por outra. Um ano depois. Esse que voltou pra minha vida.
Que disse que gostou do meu beijo, e estava feliz por ainda ter meu cheiro em
sua camiseta. Esse que parecia meu oposto, mas ainda parecia certo.
Ah,
coração, quantos amores mais será capaz de aguentar? Espero que muito, uns mais
intensos, outros mais carnais, outros que durarão um mês, outros uma vida
inteira. Quem pode determinar o limite de um coração amante por natureza? É
como diz aquela música: coração não é tão simples quanto pensa, nele cabe o que
não cabe na despensa...