terça-feira, 16 de dezembro de 2014

Passarinho

Pobre menina, tantas marcas, tão pouco tempo. Pobre menina, tem vontade de percorrer os céus, viajar sem limites, mas tem medo de abrir as asas, olhar lá de cima. Pobre menina, esqueceu-se o que é sonhar, que mais motivos tem para acreditar? Pobre menina, chora por não saber, por não conhecer (a si), por não ter mais o que seguir. Pobre menina, nada perdeu, mas também não tem certeza se já chegou a achar, quem sabe? Alguém pode ajudar?
Pobre menina, a rima ficou no caderno da infância, o verso perdeu-se no vento, a poesia esqueceu o caminho e as palavras bonitas foram embora. Pobre menina, ficou sem nada, rodeada de pessoas sem ninguém a lhe olhar, cheia de pensamentos, sem nada para falar.  Pobre menina, quando foi que esqueceu de ligar razão e emoção? Fazia isso com tanto amor, mas agora nada mais traduz-se tão bem. Pobre menina, olhe para baixo e veja o mundo passar, olhe para cima e veja o céu escurecer, olhe para dentro e veja sua alma desvanecer. Pobre menina, perdeu o encanto? Olhe no espelho de novo, note o que apenas seus olhos não veem.
Pobre menina, vamos caminhar? Um passo depois do outro, sem caminho certo, sem estrada a trilhar, vamos fazer um caminho nosso, onde, quem sabe, no final o sentido estará. Pobre menina, pegue aquele amor que está aí dentro e faça a melodia soar, escreva canções de amor,dance com as palavras. As frases mais lindas são feitas a partir de pessoas que amam o que é abstrato, a certeza e o concreto não constroem textos bonitos.
Ei menina, me dê a mão? Fuja da escuridão, saia do casulo, ache um motivo e não olhe para trás. Ei menina, concede-me essa dança? Baila comigo essa música que apenas nós podemos escutar. Ei menina, conhece-te de novo, acha teu caminho.
Ei menina, está pronta? Abra bem as asas. Prepare-se. Salte. Voe.

Ei menina, já não pode me escutar, foi embora assim que aprendeu a voar.