Pobre menina, tantas marcas, tão
pouco tempo. Pobre menina, tem vontade de percorrer os céus, viajar sem
limites, mas tem medo de abrir as asas, olhar lá de cima. Pobre menina,
esqueceu-se o que é sonhar, que mais motivos tem para acreditar? Pobre menina,
chora por não saber, por não conhecer (a si), por não ter mais o que seguir.
Pobre menina, nada perdeu, mas também não tem certeza se já chegou a achar,
quem sabe? Alguém pode ajudar?
Pobre menina, a rima ficou no
caderno da infância, o verso perdeu-se no vento, a poesia esqueceu o caminho e
as palavras bonitas foram embora. Pobre menina, ficou sem nada, rodeada de
pessoas sem ninguém a lhe olhar, cheia de pensamentos, sem nada para
falar. Pobre menina, quando foi que
esqueceu de ligar razão e emoção? Fazia isso com tanto amor, mas agora nada mais traduz-se
tão bem. Pobre menina, olhe para baixo e veja o mundo passar, olhe para cima e
veja o céu escurecer, olhe para dentro e veja sua alma desvanecer. Pobre
menina, perdeu o encanto? Olhe no espelho de novo, note o que apenas seus olhos
não veem.
Pobre menina, vamos caminhar? Um
passo depois do outro, sem caminho certo, sem estrada a trilhar, vamos fazer um
caminho nosso, onde, quem sabe, no final o sentido estará. Pobre menina, pegue
aquele amor que está aí dentro e faça a melodia soar, escreva canções de amor,dance
com as palavras. As frases mais lindas são feitas a partir de pessoas que amam
o que é abstrato, a certeza e o concreto não constroem textos bonitos.
Ei menina, me dê a mão? Fuja da
escuridão, saia do casulo, ache um motivo e não olhe para trás. Ei menina,
concede-me essa dança? Baila comigo essa música que apenas nós podemos escutar.
Ei menina, conhece-te de novo, acha teu caminho.
Ei menina, está pronta? Abra bem
as asas. Prepare-se. Salte. Voe.
Ei menina, já não pode me
escutar, foi embora assim que aprendeu a voar.