quarta-feira, 26 de julho de 2017

Caixa de lembranças

Eu ainda acho, por vezes, vestígios de ti nas minhas coisas. No meu guarda-roupa, nos meus e-mails, nos meus arquivos. Eu acho um pouco de ti nas minhas gírias e nos meus conhecimentos, na minha opinião sobre aquele assunto que antes eu nunca opinaria. Nunca me interessaria.
Eu acho um pouco de ti na tinta do meu cabelo, que tantas vezes foi você quem pintou, ou no shopping onde sempre almoçávamos. Nas minhas melhores lembranças você também está presente, nas nem tão boas, idem. No nome da minha cachorra, naquela pulseira guardada no fundo do baú, ou naquela música que passei a gostar enquanto você começou a enjoar.
Te vejo até nas minhas manias  mais bobas. Te vejo em vários lugares, mas não mais onde eu mais te encontrava. No meu coração. Não te vejo mais nos meus textos românticos ou nas minhas esperanças de um futuro a dois. Eu te vejo na construção da pessoa que sou hoje, no passado, e a isso eu sei ser grata (doeu, mas aprendi), mas no meu futuro não há a menor possibilidade. Hoje em dia, prefiro pensar no que ganhei ao longo desse tempo, do que me torturar com o que perdi. Com o que nunca me pertenceu.
E você está lá, na caixa de boas (e más) lembranças, possivelmente não esteja pra sempre, afinal, a vida é longa e eu apaixonada por sentimentos, mas certamente as coisas que aprendi e que evoluí, me acompanharão por muito tempo ainda.