sábado, 19 de julho de 2014

Toca, alma

Eu decidi, vou comprar um violão. Vou aprender a tocar minhas músicas preferidas, e, mesmo que minha voz não seja linda, vou canta-las quando estiver sozinha, me sentindo só, apenas com o intuito de me lembrar que não estou. Sim, meu violão será preto, onde eu possa me ver refletida, tanto nele, quanto nas suas notas. Ah, é verdade, eu não tenho quem me ensine, mas quem se importa?, procuro um vídeo depois. Quem sabe um professor, ou até mesmo um amigo meu possa fazê-lo. Não, não, sem amigos, isso tem que ser uma coisa só minha.
                Eu sei que em alguns momentos eu vou ter raiva do meu violão, em alguns momentos vou querer dar uma de rock star e jogá-lo no chão, mas eu não vou fazer isso, vou trata-lo com carinho, mesmo com raiva, colocá-lo num canto e esperar até a raiva suavize, eu vou saber que não é só culpa dele. Eu vou me obrigar a ver que aquele modelo talvez não fosse perfeito como eu queria, e nem sempre vai se comportar da maneira que eu quisesse, mas isso vai depender muito de como eu o tocasse.
                Com o passar do tempo e da prática, eu vou descobrir que o meu violão tem seus defeitos, um arranhão na lateral, ou um defeito técnico bestinha, mas aí eu já vou estar tão apegada a ele que não vou querer me desfazer dele, é isso que acontece quando você gosta muito de uma coisa, aceita seus defeitos, e talvez aquele arranhão dê até um charme fofo a ele. Pelo menos eu acho que é assim, eu acredito que eu não ia precisar de um violão perfeito, eu ia apenas precisar de um que eu pudesse tocar quando estivesse chateada com alguma coisa, ou comigo mesmo, e quando estivesse alegre suas notas me fizessem alargar o sorriso.
                Eu sei, eu sei, nunca toquei uma mísera nota certa num violão antes, e não vai ser fácil aprender a fazer isso certo, vai me dar trabalho, vontade de desistir, vontade de vende-lo ou dar pra outra pessoa, mas eu não quero desistir. Eu não quero mais desistir daquilo que me importa, daquilo que, perdão pela repetição de palavras, eu quero. E aí, depois de tanto esforço, quando eu conseguir tocar uma canção, ou apenas um refrão, eu vou sorrir orgulhosa, eu vou sentir que fiz certo.
                Eu vou arranjar um violão, e curar aquelas que eu julgava feridas eternas, porque ele vai estar sempre aqui, porque ele não vai me deixar com medo, porque ele vai deixar que meus sentimentos fluam sem medo, ele não vai me julgar se eu quiser tocar uma música da Taylor Swift e chorar, e em seguida tocar uma do Engenheiros, ou do Guns ‘n’ Roses, porque ele só se importará em ser tocado, em tocar a alma de quem o tem. Ele ainda estará lá quando eu chegar em casa, e mesmo que eu passe um tempo sem tocar, ele não irá me virar as costas quando, numa tarde de domingo chuvosa, eu resolva tirar sua poeira.
                Eu vou comprar um violão pra cantar o que a alma cala, o que o coração esconde, o que a pele ânsia, pra fazer serenatas e dedicar canção aos que estão aqui, aos que eu quero que fiquem. Sim, eu vou comprar um violão.


quinta-feira, 17 de julho de 2014

Veredicto: culpado

                Vim até aqui hoje com a única e exclusiva missão de comunicar-lhe sua culpa. É, culpa sim. Ah, e pode pôr um S aí no fim. É mais de uma, bem mais. Vamos começar: a vítima o acusa de ter-lhe deixado como uma boba alegre, por sorrir quando escuta uma música romântica (ou não), de sorrir quando lembra de você, de sorrir ao lembrar de qualquer coisa que você gosta, ou que fizeram juntos, enfim, de sorrir. Pra tudo. Absolutamente inaceitável.
                Ela também alega que você roubou-lhe a atenção. Virou uma coisa corriqueira estar fazendo alguma coisa e se perder na lembrança do seu sorriso, de alguma coisa que você disse, ou no pensamento onde estaria você, o que estaria fazendo, se estaria pensando nela. Lamentável a situação da minha cliente.
                Também tem a seríssima questão de ter fugido com um bem precioso da minha cliente, mas ela não quis me confidenciar o que é, por ser tão pessoal, apenas me disse que sem isso, ela não tem mais a capacidade de gostar de outra pessoa, ou de esquecer-te. Onde já se viu tamanha privação de liberdade alheia?
                Acredito cegamente não precisar de mais provas, mas gostaria de apresentar mais uma, que convencerá o júri de seus crimes: ter seduzido, sim, meus caros, SEDUZIDO minha cliente ao ponto de ela nem ao menos querer prestar queixa, ao ponto de ficar contente com todas essas acusações indecentes e improcedentes (?).
                Diante de todas essas provas e depoimentos da minha cliente, o júri popular chegou a um veredicto perfeitamente justo: o réu é responsável por todas as acusações e pelo crime de conquistar a minha cliente.
                Declaro o réu culpado.

                Atenciosamente, a Razão.

terça-feira, 15 de julho de 2014

Bem-eu-quero

Eu queria fazer algo bonito, escrever uma poesia que tocasse o coração das pessoas. Eu queria fazer isso enquanto comia brigadeiro com banana, e ouvia as músicas que levavam minha mente pra longe. Ou talvez assistisse àquele filme que ele tanto me indicou. Eu queria receber um elogio pelo texto, quem sabe até alguém comentasse, ou fizesse uma citação minha em seu Facebook. E depois disso, eu queria passar minha noite conversando com alguém, de preferência alguém que eu goste muito (um doce se você adivinhar quem é). Eu queria dormir tarde, mas acordar cedinho, olhar a manhã se desenrolando com preguiça, e depois sair por aí como se tivesse algo importante pra fazer, brincando de ser adulto. Eu queria chegar em casa e achar uma visita inusitada, quem sabe minha mãe (será que ela um dia faria isso por mim?), ou quem sabe você (sim, você). Queria que essa visita me desse um abraço e me perguntasse como vai, e eu queria muito poder responder com sinceridade, sem precisar fazer sentido. Eu queria poder abrir meu coração sem causar pena, desconcerto, eu só queria mesmo falar. Depois que essa visita fosse embora, ou quem sabe ficasse por mais tempo, eu queria subir e ouvir uma canção que marcasse aquele momento, que me fizesse lembrar disso meses depois. Eu queria ficar dois segundos sozinha por vontade própria, e não porque fosse minha única opção, e antes de dormir, eu queria o beijo de boa noite dele, queria seus braços ao meu redor, seu calor me embalando como uma canção de ninar. Eu queria não ter que levantar dessa cama. Eu queria poder passar a vida toda assim. Mas os quereres mudam com o tempo. Eu queria acordar no dia seguinte e poder sorrir pro espelho, não achar tudo assim, tão feio. Talvez eu apenas queira ter certeza de alguma coisa, ou de alguém no meu dia. Eu queria fazer parte da sua vida, assim como queria que que você fizesse parte da minha. Mas o que eu mais queria, mesmo, era parar de tanto querer.

quinta-feira, 10 de julho de 2014

Primeira pergunta

A latinha já estava quente, e eu tinha dificuldade pra ler o que dizia no rótulo (seria Devassa, ou Schin?), fitei a tevê onde tocavam músicas que destruíam meu psicológico. Argh, como se eu precisasse de alguém pra jogar na minha cara minha falta de sorte. Eu estava confusa, e as várias latinhas de cerveja jogadas no meio do quarto não tinham ajudado a clarear minha mente, muito pelo contrário, mas pelo menos tinham me deixado feliz. Ah, meu querido álcool!
-Se pelo menos eu tivesse uma resposta, eu já ficaria mais conformada... – murmurei para o vento.
Apertei a latinha na mão e tomei o resto do seu conteúdo. Acho que podiam ter trocado minha bebida por água do mar, que eu nem teria notado. Acho que se eu tentasse dedicar uma pergunta para cada lata que eu tinha bebido, iriam me faltar latas.
-Primeira lata: o que tá acontecendo? Eu não sei! Eu tenho plena certeza do que sinto e quero, mas isso é bem diferente do que acontece, sempre é.
Fechei os olhos tentando evitar que transbordassem. Olhei pra cima e continuei:
-Segunda lata: por que me abandonaram? Quantas vezes eu já não me fiz essa pergunta, e nunca tive uma resposta. Talvez se um de vocês estivesse comigo, eu não estivesse sentada no chão do meu quarto bebendo sozinha em uma terça à noite.
Nunca estiveram aqui, e talvez eu nem devesse sentir falta, mas aquela sensação de que algo me faltava nunca saia do meu lado.
-Terceira lata: pra que tanta solidão? Sempre gostei dela, mas ultimamente sua presença estava me incomodando. Talvez eu tivesse me acostumado a não me sentir sozinha.
Tomei outro gole.
-Quarta lata: o que teria acontecido se tantas coisas não tivessem mudado?  E se eu nunca tivesse voltado? Aonde será que eu estaria.
Ah, o doce sabor do incerto.
-Quinta lata: quantas pessoas já saíram da minha vida, quando eu só queria que elas ficassem?
Opa, tava começando a ficar brega, aliás, mais brega. Suspirei.
-Sexta lata: o que ele pensa?
Estava difícil saber o que eu pensava, quem dirá o que os outros pensavam.
A sétima lata repousava em minhas mãos, e eu estava chegando à conclusão de que eu fraca, e não apenas para bebida. Minha cabeça girou quando me levantei do chão frio, e um miado baixo chamou minha atenção. Acariciei a cabeça da gatinha que me fazia companhia e sorri, pelo menos eu não estava totalmente sozinha. Entornei a lata e a amacei, jogando-a no chão. Peguei outra na geladeira e a abri. Era a oitava latinha que eu tomava, e eu ainda tinha tantas perguntas, e nenhuma resposta....

Tomei um gole, quem sabe quando eu perdesse a conta de latas, alguma resposta tivesse dó de mim...

quarta-feira, 9 de julho de 2014

Diálogo de um

Bateram à porta, quem será?
-Quem é?
-Sou eu.
-Eu quem? Não conheço sua voz.
-Ah, conhece sim, só que não nesse mesmo timbre.
Puxei as cobertas até o pescoço.
-Não abro a porta para estranhos. Me diga seu nome.
-Você sabe meu nome, mas não me conhece de fato.
-Ué, você acabou de dizer que eu te conhecia.
-Você pensa que sabe quem sou, mas na verdade nunca me conheceu.
-Está me deixando confusa. Qual e seu nome?
-Ora, não está claro?
-Não, não está.
-Eu sou o que chamam de amor.
-Tá bom, é preciso ser louco pra amar, isso não existe.
-Ora, você diz que eu não existo, mas está falando comigo. É loucura o suficiente?
Me retesei na cadeira.
-Não fale bobagens.
-Quem disse foi você. Enfim, vai me deixar entrar ou não?
-Por que deveria? Toda vez que faço isso, você me decepciona. Sempre que confio no amor, acabo despedaçada.
-Isso acontece porque não acredita em mim.
-Ora, que bobagem está dizendo?
-Você não confia em mim, nem sequer me conhece, só me viu por aí, você apenas confia em quem fala em meu nome, sem provas de realmente me ter.
-Como assim?
-Você só vai deixar de se despedaçar quando passar a confiar apenas em mim, quando me sentir em você e acreditar que isso basta, quando confiar apenas em mim como sentimento, ao invés de confiar nas pessoas, tudo vai melhorar, porque quando eu realmente existo, nada mais importa.
-Não sei se compreendo.
-Sei que compreende, mas ainda tem medo. Então, vai me deixar entrar? Pode ser diferente dessa vez.
-Quem me garante?
-Ora menina, deixe de ser tola, a maior beleza do amor está na incerteza. Está no friozinho na barriga que antecede o encontro. Está no medo de nada dar certo, e no sorriso que surge involuntariamente quando acontece melhor do que o planejado. A minha beleza está nas lágrimas que tentam curar um coração partido, e nas poesias que provém dos lábios daqueles que já me provaram. Minha beleza está em quem nunca desiste de amar.
-Belas palavras, mas ainda não me convenceram.
-Não preciso, aquele sorriso vai fazer isso. Aqueles olhos castanhos sabem te fazer ceder, aquela risada pode fazer o que ninguém mais faz.
Pisquei. Pensei. Levantei.
Click. Eu estava incerta, mas quando abri a porta, o amor me sorriu, e não pude evitar, comecei, enfim!, a amar...


domingo, 6 de julho de 2014

Quer café?

                Entre, fique à vontade, sente-se se quiser. Quer café? Desculpa, mas não sei fazer. Eu posso tentar se quiser, mas se não sair bom, não fique com raiva, por favor. Perdoe-me a intromissão, mas pretende ficar? Ou está só de passagem? Não quero pressionar ou apressar a visita, só saber pra quanto tempo vou ter que fazer sala, pra não me acostumar com isso, cansei de hospedes que não passaram de visitas passageiras. Pegue uma almofada e ponha sobre as pernas, me fale de você, me conte algo que eu não sei, ou que eu tenha esquecido, não me importa, gosto de ouvir sua voz, de procurar seus sentimentos em seus olhos, de analisar seu cabelo e até mesmo de ansiar seu sorriso. Quer alguma coisa? Tem água, suco, uma fruta quem sabe, um abraço também pode ser.
Me conte como vai, comente sobre o novo papel de parede, fala como anda seu trabalho (está desempregado?) e como está sua mãe, me conta um segredo, me entrega um pouquinho de você, ou só me desculpa se eu estiver sendo uma má anfitriã. A porta está aberta pra ir e vir, mas não me entenda mal, eu só entendi, como dona de um imóvel, que tem que se deixar a porta aberta para as visitas se sentirem confortáveis. Eu não quero que vá, mas a porta está aí, de frente para o sofá (talvez fosse melhor se estivesse atrás ou do lado), aberta, sem tranca nem trinco. E eu odeio ser uma boa anfitriã, ter que deixar todos a vontade, felizes e cheios, pra no fim ficar observando a porta aberta ansiosa pela próxima pessoa que vai entrar.
Mudando de assunto, o tempo está bonito, não está?! O céu está limpo e sem nuvens. Mas e aqui dentro? Tem uma nuvenzinha de tempestade, acho que ela quer chorar dentro do meu imóvel. Talvez seja medo de que se vá, de que seja como as outras visitas, que chegaram, se divertiram, e foram embora, deixando a bagunça pra mim. Entendo como a nuvem se sente, às vezes pesa mesmo tudo isso...
Ora, já está tarde, precisa ir? Ou pretende ficar pela noite? Não paga diária, só peço que arrume antes de sair, pra eu não ficar como antes, como a nuvem. Ah, e por favor, não seja educado, se não quiser ficar, não faça sala, se vá, não deixe que eu fique feliz com sua presença. Não seja mau, não me faça querer fechar a porta de uma vez, você sabe que não é bom pra ninguém.

Ah, estou falando demais. Se me der licença, vou deixa-lo à vontade para descobrir se vai ou se prefere arranjar um lugar aqui por enquanto, mas antes de sair, sorria pra mim, me deixe com essa lembrança bonita, quem sabe vire um quadro, me aqueça um pouco, às vezes a casa vazia fica fria demais pra uma pessoa só. Volte sempre, se desejar ir, as portas estão abertas, as portas desse coração, eu espero nunca fechar.

quarta-feira, 2 de julho de 2014

Novo projeto - O Mistério da Rua

Bom dia, boa tarde, boa noite! Eu tive uma ideia que estava me deixando ansiosa por criar algo novo, e dessa vez, quis postar aqui. Não é mais um dos meus textos que falam sobre tudo, e sobre nada ao mesmo tempo, é uma narração, uma história saída direto dos confins da minha mente. É apenas uma ideia que curti começar, então quero prosseguir, mas dependo um pouco da aceitação de quem lê pra continuar postando aqui, só que independente do resultado, não quero deixar de escrevê-la, mesmo que isso implique em não mostrar à ninguém. Bom, vou deixar de enrolar e postar logo o começo desse projeto que chamarei de O mistério da rua. Nome tosco, depois eu mudo.

Prólogo.

Pisquei duas vezes tentando assimilar o que se passava. Uma parte de mim saltitava alegremente vendo a casa aparentemente pequena a minha frente, outra estava basicamente em estado de choque por ter que me mudar, por ter que sair de perto daquela família a qual tomava como minha agora. Eu estava dividida entre tristeza e alegria, pesar e alívio. Uma mão frenética me tirou de meus devaneios.
                -Você não está animada? – perguntou-me Marília, minha amiga há uns cinco anos, com a euforia quase dançando ao seu redor de tão intensa e nítida.
                -Claro que estou – sorri – é só que é tão diferente, vou levar um tempo pra me acostumar.
                -Não faça drama, ainda pode visita-los quando quiser, fica a meia hora daqui.
                Assenti e sorri novamente, eu estava sendo boba por estar triste, não era? Passei mais de um ano sonhando com aquele dia, e agora ele chegou e tudo o que eu queria era voltar ao tempo em que não existia essa perspectiva. Claramente eu estava perdendo a sanidade mental. Mari sorriu de volta e começou a tagarelar sobre o fato de sermos basicamente vizinhas agora, e como aquilo era legal e sobre eu ter, enfim voltado à civilização depois de tanto tempo. Eu ria de suas palavras, mas não encontrava nenhuma brecha pra entrar naquele monólogo, então deixei que prosseguisse.
Cinco segundos depois, eu já não prestava atenção ao que ela dizia, uma sensação incomoda se fixou na boca do meu estômago, e um calafrio percorreu minha pele. Senti um olhar cravado em minhas costas, e lentamente me virei para descobrir um senhor, devia ter uns 70 anos, me encarando da varanda da casa de frente pra minha. Ele parecia estar sem comer há um mês, de tão deplorável que era seu estado físico, sua barba branca e cheia e seu cabelo ralo não me deixaram dúvidas de que era um senhor desleixado, o que entrava em perfeito contraste com as roupas formais e elegantes que usava. Franzi o cenho e tentei desviar o olhar, mas ele se recusava a sequer disfarçar, seus olhos pareciam querer perfurar meu coração, tamanha a intensidade que exercia sobre mim.
-Anna? Você tá me ouvindo? Parece que estou falando com esse poste.
Desviei o olhar da sacada para minha amiga que me olhava meio irritada, meio confusa.
-Tô sim, Mari, eu só tava tentando entender o que aquele senhor queria... – apontei para a sacada, mas achei inútil continuar a fala, já que o velho não estava mais lá.
-Que senhor? Você tá bem mesmo? Acho que esse estresse de mudança tá te fazendo mal. Vem, vamos entrar – disse ela pegando a chave do portão da minha mão e me guiando pra dentro da casa nova... da minha casa nova.

Antes de fechar o portão atrás de mim, olhei uma última vez para a sacada da casa da frente, onde estava o velho, novamente me olhando como se quisesse me passar uma frase apenas com o olhar.