domingo, 30 de março de 2014

O texto mais sincero do fundo do peito

Amor... Amor cantado, amor sentido, amor sonhado, amor vivido, amor deixado, amor escrito, amor quebrado, amor torto, amor, amor, amor... Quando pouco parece muito e muito parece nada. Quando o que nos satisfaz não está por aí, ele está em um lugar específico, ignorando uma das suas cinco mensagens, ou suspirando pelo pequeno texto que você teclou e apertou enter, usando uma coragem até pouco tempo atrás desconhecida. Quando um apelido ridículo se torna necessário, e aquela vozinha de bebê não parece tão cafona assim. Quando você acha que pode se jogar no mundo sem medo. Quando a queda é maior do que parecia.
                Me lembro de muitos “amores”, alguns nem tão amados assim, mas que gosto de lembrar como parte importante de um coração amante. Desde a platônica paixão pelo garoto mais charmoso – aos meus olhos – da sala, até aquele que de fato encostou os lábios nos meus. Teve aquele, que tinha a janela colada com a minha e que de primeira eu jurava que os olhos castanhos brilhantes eram azuis. Que tinha 22 anos, enquanto eu tinha 15. Que tinha namorada e uma moto. Mas que o coração acelerava quando ele passava pelo corredor com seu perfume que eu reconhecia a 500 metros de distância. Aquele que me beijou enquanto eu estava sentada na janela, com o capacete pendurado no braço. Uma boa lembrança. Se aquela janela falasse...
                Teve outro, aquele carinha da minha sala na faculdade de jornalismo. Meus dedos eram ágeis na horas de conversas virtuais, mas quando os olhos dele cruzavam com os meus, minhas cordas vocais se recusavam a se mover. Aquele carinha que me deu um bombom na páscoa. Secretamente, ainda guardo aquele papel de embrulho. O mesmo cara que me confidenciou, depois de uma declaração tosca, que era a fim de uma amiga. Por mais estranho que seja, me sinto orgulhosa de dizer que funcionei como cupido, mesmo tendo mudado de curso, de faculdade e de estado. De sentimento também. Amigo. Hoje nós somos. E como isso me deixa bem.
                Outro que cruzou seu caminho no meu, foi ele que me beijou como presente de dia das crianças ao lado de uma tenda eletrônica. Que tanto me disse coisas cruéis, como me fez sentir raiva. De mim. Dele. De nós. Ele que já tinha um futuro certo com uma menininha, e me fez ter esperanças vãs que talvez, ele também tenha tido. Ele que me contou coisas que não deveriam ser contadas ao mundo, que me acolheu em seu peito e me levou até a parada de ônibus. Até nossa última parada.
Teve também aquele da vida nova, que durou um pouco mais, ao qual escrevi uma carta, ao qual me peguei apaixonada por mais de um ano. Aquele que me fez pensar conhecer o amor pela primeira vez. Aquele que me beijou pensando em outra. Aquele que terminou o que nem tínhamos começado ainda por causa da outra. Aquele cujo abraço ainda me fascina. Aquele que superei quando surgiu algo maior.
                Eu achava que era. Esse outro aquele... Foi o primeiro que me fez ver uma vida a dois. Foi o primeiro que chamei de namorado. Foi o primeiro a me deixar quando tinha prometido ficar. Mas não foi o primeiro pra quem fiz textos, nem será o último. O que me lembra...
                Eu nunca fiz um texto pra esse outro cara, o que elogiou meu sorriso e me encantou com o seu, tão raramente apresentado, pelo menos não até ele me pedir desculpas por ter me deixado por outra. Um ano depois. Esse que voltou pra minha vida. Que disse que gostou do meu beijo, e estava feliz por ainda ter meu cheiro em sua camiseta. Esse que parecia meu oposto, mas ainda parecia certo.

                Ah, coração, quantos amores mais será capaz de aguentar? Espero que muito, uns mais intensos, outros mais carnais, outros que durarão um mês, outros uma vida inteira. Quem pode determinar o limite de um coração amante por natureza? É como diz aquela música: coração não é tão simples quanto pensa, nele cabe o que não cabe na despensa...

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