Bem, esse é o último capítulo e eu amei fazer essa minisérie! Agradeço do fundo da alma a quem leu e espero que tenham se divertido lendo, como eu me diverti fazendo :D despedidas sempre são tristes :(
“OI, AMOR DA MINHA VIDA! Acho que essa é a última vez que
escrevo aqui, achei uma pessoa que me escuta sem aquela cara de
ai-que-tédio-o-que-vai-ter-no-jantar. Adivinha quem é? Adiviiiiinha! Lógico que
você não vai adivinhar, é apenas um caderno sem vida. Mas enfim, meu... Peraí! Tenho
que falar devagar... N-A-M-O-R-A-D-O! Isso mesmo! Euzinha, ex-encalhada de
carteirinha, estou NA-MO-RAN-DO! A primeira vez em dezesseis! Tô tão feliz. Mas
deixa eu começar do começo: hoje de manhã, quando acordei, lógico que a
primeira coisa que fiz foi dar aquela checadinha básica no celular, pra saber
se tem alguma novidade. E tinha. Era uma mensagem do Kauã dizendo que queria
conversar comigo depois da aula. Nem preciso dizer que isso me acordou mais do
que qualquer ducha gelada né?! Pois bem, quando fui pra escola, encontrei a
Mara no caminho. Mostrei à ela a mensagem e ela pulou ao meu redor gritando: tá
namorando, tá namorando! Linda ela. Ignorei esse gesto até chegarmos à escola,
quando dei um perdido nela e corri para o banheiro. Me analisei no espelho e concluí que o Kauã tinha que ser
louco pra não gostar de mim, auto estima lá em cima, e modéstia lá na China.
Fui pra sala e dei de cara com Leandro parecendo um poço de ciúmes, mostrando que todos os meus amigos já sabiam
da mensagem que recebi hoje pela manhã. Ele disse algo sobre quebrar a cara do
sujeito se ele me machucasse e tal, tanto que tive de lembrá-lo que Kauã também
era seu amigo. Depois de ele se acalmar,
chegaram Léia, Márcia e Marta me desejando felicidades e tudo de bom. Quando a
quinta pessoa chegou me dizendo isso, explodi pra sala inteira que eu não
estava namorando com ele, que a gente só ia conversar depois da aula! Mas como
meu primeiro nome é muita, e o sobrenome é desgraça, o outro protagonista do
não-namoro acabara de entrar na sala quando comecei a gritar, e só me dei conta
quando todos me olharam como se fosse um ornitorrinco do avesso. Ele apenas
sorriu pra mim e sentou duas cadeiras de distância. É, minha auto estima
murchou na hora, eu tinha certeza que qualquer coisa que ele pudesse querer ter
comigo, havia se dissolvido diante da acidez de minhas palavras. Simplesmente
perfeito. Já estava até pensando em criar um lema pra não me sentir tão forever
alone nas minhas noites de sábado em casa assistindo O Melhor do Brasil, tipo,
Solteira sim! Offline nunca. Ou até Os solteiros um dia dominarão o mundo. Ou
algo assim. Até fiz uma lista com as vantagens de ser solteiro pra sempre:
número um: não gasto dinheiro com casamento. Número dois: sem cabelos brancos
tão cedo, afinal não teria um gordo deitado no sofá vendo jogo e me pedindo
cerveja enquanto não teria força nem pra mudar o canal da tevê. Não vou listar
o resto agora, talvez escreva depois. Quando o momento mais tenso daquele dia
chegou,o fim da aula, me perguntei se devia mesmo esperar pra ouvir um: vamos
ser amiguinhos!, ou ia pra casa chorar e comer chocolate, Alpino de
preferência. Resolvi esperar, pelo menos eu ia ter o que escrever aqui depois.
Ele apareceu e me chamou prum canto meio escondido, meio “lugar perfeito pra um
assassinato”, da escola. Fiquei até com medo disso. O discurso começou da forma
que eu esperava, listando minhas qualidades infinitas: você é uma garota
especial, bonita, engraçada, azarada (palhaço), mas... E na hora desse “mas”,
meu caro, eu me preparei pra ser o maior exemplo de friendzone que aquela
escola já conheceu. Mas não aconteceu, as palavras exatas que eu escutei foram:
mas eu cansei de ficar só admirando essas qualidades de longe, quero que elas,
e sua dona, sejam minhas. Eu fiquei meio assim: :O como? Onde? Quem? Até olhei
pra trás pra saber se ele tava mesmo falando comigo, mas quando virei minha
cabeça de volta, constatando só ter eu ali, recebi aquele beijo que ontem ficou
a desejar. Só que meus amados amigos, lindos e fofos, pularam do nada (vieram
do além, só pode), gritando e batendo palmas. Depois quem gritou fui eu,
assustada, arregalando os olhos, e Kauã gritou também, porque na hora do susto,
e o mordi com uma força considerável, tirando até um pouco de sangue de seu
lábio inferior. Pedi desculpas 187372 e tive certeza absoluta de que aquele
pedido seria retirado e ele ia achar pra sempre que eu era a maior BV da
paróquia. Mas não, meu fofo (FOFO) só fez rir e me beijar novamente. Saí da
escola voando, parecia que eu andava numa nuvem, só que uma mão me segurava
próxima ao chão, a do MEU NAMORADO (que sensação linda escrever isso). Mara me
ligou assim que chegou em casa me perguntando como foi a despedida quando ele
me deixou na porta de casa, se teve mão na bunda, se ele tinha pegada, se ele
tinha o hálito gostoso, se o céu tava sem nuvens ou nublado... Respondi cada
pergunta com um lindo sorriso e... Espera, o Kauã tá me ligando. Acho que isso
é uma despedida :/ isso merece até uma carinha triste: :(. Bom, caso ocorra algo
extremante bom, eu te conto, juro. Obrigada por me ouvir, atenciosamente Analice.
Ah, xoxo.”