quarta-feira, 2 de julho de 2014

Novo projeto - O Mistério da Rua

Bom dia, boa tarde, boa noite! Eu tive uma ideia que estava me deixando ansiosa por criar algo novo, e dessa vez, quis postar aqui. Não é mais um dos meus textos que falam sobre tudo, e sobre nada ao mesmo tempo, é uma narração, uma história saída direto dos confins da minha mente. É apenas uma ideia que curti começar, então quero prosseguir, mas dependo um pouco da aceitação de quem lê pra continuar postando aqui, só que independente do resultado, não quero deixar de escrevê-la, mesmo que isso implique em não mostrar à ninguém. Bom, vou deixar de enrolar e postar logo o começo desse projeto que chamarei de O mistério da rua. Nome tosco, depois eu mudo.

Prólogo.

Pisquei duas vezes tentando assimilar o que se passava. Uma parte de mim saltitava alegremente vendo a casa aparentemente pequena a minha frente, outra estava basicamente em estado de choque por ter que me mudar, por ter que sair de perto daquela família a qual tomava como minha agora. Eu estava dividida entre tristeza e alegria, pesar e alívio. Uma mão frenética me tirou de meus devaneios.
                -Você não está animada? – perguntou-me Marília, minha amiga há uns cinco anos, com a euforia quase dançando ao seu redor de tão intensa e nítida.
                -Claro que estou – sorri – é só que é tão diferente, vou levar um tempo pra me acostumar.
                -Não faça drama, ainda pode visita-los quando quiser, fica a meia hora daqui.
                Assenti e sorri novamente, eu estava sendo boba por estar triste, não era? Passei mais de um ano sonhando com aquele dia, e agora ele chegou e tudo o que eu queria era voltar ao tempo em que não existia essa perspectiva. Claramente eu estava perdendo a sanidade mental. Mari sorriu de volta e começou a tagarelar sobre o fato de sermos basicamente vizinhas agora, e como aquilo era legal e sobre eu ter, enfim voltado à civilização depois de tanto tempo. Eu ria de suas palavras, mas não encontrava nenhuma brecha pra entrar naquele monólogo, então deixei que prosseguisse.
Cinco segundos depois, eu já não prestava atenção ao que ela dizia, uma sensação incomoda se fixou na boca do meu estômago, e um calafrio percorreu minha pele. Senti um olhar cravado em minhas costas, e lentamente me virei para descobrir um senhor, devia ter uns 70 anos, me encarando da varanda da casa de frente pra minha. Ele parecia estar sem comer há um mês, de tão deplorável que era seu estado físico, sua barba branca e cheia e seu cabelo ralo não me deixaram dúvidas de que era um senhor desleixado, o que entrava em perfeito contraste com as roupas formais e elegantes que usava. Franzi o cenho e tentei desviar o olhar, mas ele se recusava a sequer disfarçar, seus olhos pareciam querer perfurar meu coração, tamanha a intensidade que exercia sobre mim.
-Anna? Você tá me ouvindo? Parece que estou falando com esse poste.
Desviei o olhar da sacada para minha amiga que me olhava meio irritada, meio confusa.
-Tô sim, Mari, eu só tava tentando entender o que aquele senhor queria... – apontei para a sacada, mas achei inútil continuar a fala, já que o velho não estava mais lá.
-Que senhor? Você tá bem mesmo? Acho que esse estresse de mudança tá te fazendo mal. Vem, vamos entrar – disse ela pegando a chave do portão da minha mão e me guiando pra dentro da casa nova... da minha casa nova.

Antes de fechar o portão atrás de mim, olhei uma última vez para a sacada da casa da frente, onde estava o velho, novamente me olhando como se quisesse me passar uma frase apenas com o olhar.

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