Perdão pelos erros...
A lua estava linda naquela noite, assim como eu sonhei que
estaria numa ocasião especial. Mas ao contrário de minhas expectativas,
especial não significava bom, ou qualquer coisa parecida. Especial podia
significar simplesmente o fim de algo que nem sei se posso chamar de começo.
-Diz
alguma coisa – pediu ele, pegando minha mão.
Não
consegui verbalizar nada, nenhuma palavra. Apenas desviei meu olhar pra um
ponto indefinido no horizonte.
-Por
favor.
-Eu...
– comecei, fazendo um esforço quase inumano pra falar – tinha medo.
-Medo
de quê?
-De que
isso acontecesse. De que vocês voltassem.
Ele se
calou. Não conseguia encará-lo, parecia que até minhas lágrimas tinham fugido
de mim, não era pra doer tanto assim. Senti ele me puxar contra si, me abraçando,
fiz um esforço a mais pra não beijá-lo, pra não implorar pra que ele não
fizesse isso, pra que me desse uma chance. Me afastei dele, não aguentando mais
aquele contato, eu finalmente entendi o significado da frase “Tão perto, e ao
mesmo tempo tão longe”.
-Vamos
continuar nos falando? – indagou com a voz triste.
Assenti
levemente, ainda sem coragem de encará-lo.
-Vai
continuar me abraçando?
Novamente,
maneei a cabeça positivamente. Mas não agora, pensei, sem forças para falar.
Afastei-me um pouco mais, queria dar um fim aquela tortura, mas no fundo, eu
sabia, não ia parar de doer.
-Eu
espero, realmente, que você seja muito feliz – desejei juntando toda a minha
coragem e saindo dali, sem olhar pra trás, sentindo o chão sumir a cada passo.
Como pode ter sido tão pouco, mas ter me
feito tanto mal? Eu esperava que fosse acabar, mas e meu coração? Peguei
minhas coisas e saí da faculdade quase correndo, fui para o único lugar em que
sabia que não ia querer chorar até não ter mais lágrimas. Com os olhos
marejados, ergui o olhar pra lua, que, não sei se por conta das lágrimas,
brilhava como nunca. Pisquei duas vezes e atravessei a rua, indo em direção a
parada de ônibus, ainda com a respiração acelerada, e o coração ainda... Bom,
brilhava. Vermelho. Machucado. Insistindo que aquilo era um fim, o fim de uma
felicidade, o fim de um futuro, o fim de um começo, e esse fim, com certeza ia
me doer por várias outras luas. Novamente a encarei, tentando não lembrar dos
olhos dele, o ônibus chegou e fui obrigada a desviar o olhar. “Posso dormir
aí?”, “O que aconteceu?”, “Te explico quando chegar”, “Vem logo”. Respirei
aliviada, tinha pra onde ir, fechei os olhos e deixei as lágrimas brilharem em
meu rosto, como a lua brilhava no céu. Talvez tão triste quanto o meu, fosse o
seu brilho, mas na noite seguinte, ela brilharia novamente, linda no céu como
se não tivesse acontecido nada. E eu esperava fazer isso um dia também.