terça-feira, 27 de maio de 2014

Do outro lado da moeda

“Nada contra você ser gay, mas...”, “nada contra você ser ateu, mas...”, “nada contra você ter tatuagens, mas...”
Com quantas frases desse tipo nos deparamos todos os dias? Eu não sei você, mas eu as escuto muito, mesmo que não ditas desse jeito, e sinto uma grande vergonha alheia por isso, principalmente quando a pessoa se enche de orgulho ao dizer que não é uma pessoa preconceituosa. Abra os olhos e veja que todo mundo, TODO MUNDO, tem preconceito. Isso mesmo, desculpe acabar com seu mundo utópico e perfeito, mas eu tenho preconceito, você tem preconceito, seu vizinho tem preconceito...
                O que de fato me incomoda não é isso, é simplesmente você se fechar para o mundo por causa de um preconceito. Eu já fiz isso, já tratei mal pessoas que não mereciam por causa deste bendito pré-julgamento, e me arrependo profundamente, mas isso me ensinou a não me achar superior a ninguém, a me ter como uma pessoa diferente, mas não melhor, muito menos pior que os outros.
Hoje em dia, conheço pessoas muito diferentes de mim, que há alguns anos, eu tentaria manter distância, talvez até por vergonha do que fossem falar, e gosto tanto delas, mas tanto, que me sinto a ser humana mais imbecil do mundo por um dia tê-las julgado mal, por ter mantido distância quando a proximidade é tão boa.  
Te faço um pedido: sempre que esse sentimento atacar, coloque-se do outro lado da moeda, no lugar da pessoa, tente entender que mesmo diferente, ela também é gente, ela também sente dor, amor, paixão, tristeza. Entenda, características diferentes é o que mais temos em comum, não o contrário.

Enfim, não sou boa em fazer textos curtos, mas tentei nesse aqui, e espero ter passado o que queria.

sábado, 24 de maio de 2014

Espelho

Ele refletia aquele sorriso bobo. De quem era? Sorriso familiar, um leve curvar de lábios, mais sincero do que todos os dentes expostos, montando uma parábola positiva, e geralmente qualquer coisa que carregue o complemento positivo nos enche de alegria. Era simples, como devia sempre ser, sem força, sem nem notar que estava ali, como se a boca apenas se movesse sem qualquer comando do cérebro. Quem sabe o coração mandasse.
Aquele reflexo me parecia bonito, simples, como uma nuvem branca num dia claro, como uma estrela na noite escura, pura poesia, pura canção. Era agradável de ver, de sentir. Era como ser contagiada pelo motivo do sorriso. Sorriso esse que parecia uma brisa fresca num dia quente, era meio agridoce, como se todos os sabores se encontrassem naquelas curvas, como se os opostos entrassem em consenso para um bem comum. Laçar, ganhar, comover, apaixonar...
Nada mais charmoso do que um sorriso de criança no rosto de uma mulher, a inocência escorrendo malícia, a alma pura corrompida pelo desejo de crescer, as brincadeiras regadas de consequências... Aquela mulher do reflexo tinha sorte de ser tanto em tão pouco, de passar mais emoções em um gesto do que muitas pessoas em uma vida.
Aquele sorriso que teimava em ainda refletir, eu ainda não conhecia a dona, quem sabe fosse uma amiga, ou minha irmã? Talvez até uma vizinha, ou simples desconhecida, mas ainda sim uma pessoa de sorte. Eu? Pensando bem, a boca parecia minha, mas o sorriso não, ou quem sabe eu apenas tivesse esquecido como é sorrir sem motivo. Vivo pedindo ao mundo um motivo pra sorrir, sem ao menos lembrar que o melhor da vida é sorrir sem motivos.

É, quem sabe fosse eu aquela que o espelho refletia, mas eu iria ter que redescobrir, que inovar, que dar um jeito de nunca mais esquecer aquele sorriso tão bonito, que se reflete nos olhos de quem vê, que brilha na alma de quem sente. Aquele sorriso bobo, aquele sorriso...

sexta-feira, 23 de maio de 2014

Asas de tinta

Certa vez, quando eu era bem pequenininha, me deram um lápis e uma folha de papel, como fazem quando querem entreter as crianças, mesmo que isso queira dizer muitas paredes riscadas. Quando parti dos rabiscos para as letras, entrei em um mundo que não tinha saída, entrei no meu mundo. Foi difícil descobrir que mundo era esse, e porque eu estava nele, foi difícil até descobrir que ele existia, mas eu me toquei.
                Não sei se começou com um poema que o professor passou como atividade de casa, ou em uma história de princesas que escrevi pra minha avó, eu só sei que ali algo nasceu. E aqueles rascunhos viraram mania, aquela vontade de continuar aquelas palavras e nunca mais pausá-las parecia uma coisa normal.
                Aos quinze, entrei de vez, armada com meu caderno e uma caneta, nesse mundo que eu ainda desconhecia. Minha primeira obra, as primeiras lágrimas que recebi, a primeira vez que abri o coração para algo que não poderia me fazer sentir culpada por aquilo, para algo que, eu sabia, começava a amar. A partir daí, foi impressionante como minha mente passou a ver histórias em tudo, em todos, em mim e nos outros.
                Eu descobri nas palavras escritas, o amor que desconhecia nas pessoas, a paixão intensa por algo que não me fazia mal, não tinha olhos azuis ou fama de bad boy. Descobri os amigos que me faltaram na infância, os pais que se ausentaram na vida inteira, a coragem que nunca me visitou. Posso dizer com certeza que eu me encontrei. Descobri coisas sobre mim, uma parte obscura da minha mente que só precisava de um pouco de luz pra se rebelar, uma parte iluminada do meu coração que carecia de um pouco de escuridão para acender. Eu descobri na tinta azul de uma esferográfica, motivos para continuar pintando minha própria tela em branco.
                Quando comecei a escrever, abri minha cabeça para todas as possibilidades possíveis, passei a encarar outras mentes como minhas, a ter que respeitar aquilo que me parecia estranho, comecei a acreditar em mais do que eu sabia, e a desacreditar no que me ensinaram numa vida inteira, lentamente, me dei conta de que quem se apega ao preconceito, tem que se desapegar de muita coisa. E não valia tanto a pena assim conservar velhas ideias. Afinal, era sobre isso, sobre mudar sempre, ser uma pessoa em constante evolução, era sobre ser muitas em uma só.

                Eu descobri um amor em um lápis e uma folha de papel, e quando eu mais preciso de tudo , só isso me basta...

quarta-feira, 14 de maio de 2014

Quando chega ao limite

Domingo faz duas semanas! Duas semanas que abandonei meus dias depressivos em que nada valia a pena! Não sei o que me levou até lá, nem o que me tirou de lá, mas tenho estado tão feliz que vou até voltar a postar textos não-depressivos.
Ultimamente, venho pensado muito sobre esse negócio de amigos não gostarem da pessoa com a qual os amigos se relacionam, e sobre qual o limite sobre isso. Já passei por essa situação uma vez, minha amiga não gostava do meu ex-namorado ao ponto de ficar monossilábica quando eu mencionava o assunto super empolgada (primeiro namoro, não me julguem). Enfim, é muito frustrante, e sinceramente, se você está tentando ser feliz com alguém legal, mesmo que não seja o príncipe dos sonhos dos seus amigos, isso não devia bastar? Eles não deveriam querer sua felicidade também?
Sabe, eu pensei muito mesmo sobre isso, e cheguei à conclusão de que eu tentei (juro que tentei) nunca fazer isso com alguém que eu conheço e gosto, deixar de dar apoio ou mostrar que eu estou ali pra ele (afinal incentivar ou pelo menos não empatar algo que o faz feliz não é isso?), sejam namorados ou peguetes, eu sempre tentei manter uma boa convivência. E sinceramente, acho que é isso que se deve fazer.
Lógico que não estou dizendo que se a pessoa for problema, você deve apoiar com um sorriso no rosto, mas sim, no caso de ser uma pessoa que desagrade apenas à você. E nem vem com a conversa de que você não diz nada, não tem culpa e tal, a indiferença de alguém que gostamos é a pior forma de castigo. É só uma dica minha pra não acabar magoando alguém que você goste, e nem “impedir” sua felicidade.

Eu não vejo meus amigos como uma muleta que acompanha minha solteirice, quero que eles estejam na minha vida independente do meu estado civil, mas quando eu começo a ter medo de contar algo, ou começo a me refrear sobre qualquer coisa importante pra mim, significa que tem algo errado, afinal, eles são as pessoas que escolhi pra ter na minha vida em todas as horas.