terça-feira, 16 de maio de 2017

História de papel

Cada história normalmente carrega uma série de perguntas consigo. Quem, como, quando, onde, por quê... O quem dessa história era a parte mais fácil, a maioria das pessoas que me conhecem responderiam por mim tranquilamente. Agora o resto das perguntas me pegavam um pouquinho mais. O quando e o onde eu saberia dizer, havia sido uma semana difícil,  com várias emoções ruins, e eis que me surge o seu convite. "Por que não?", pensei, já havia marcado com dois amigos praticamente no mesmo local. Onde aconteceu foi no mesmo canto onde semana passada eu vi alguém tratando um peixe gigante. Mas nem mesmo essa cena conseguiu me fazer esquecer aquela já tão bem gravada na memória. Aquela cena pra onde vez por outra eu volto para reviver. O porquê dessa história certamente será a mais difícil de responder. Não há motivo claro ou enumerado. Se houvesse, não poderia chamar-me de amante. A primeiro momento, a conversa foi legal e o beijo encaixou. Meu corpo falou por mim, desejando um contato carnal mais aprofundado. A segundo momento, a conversa foi mais legal ainda, a sintonia foi bacana. Os beijos melhoraram! O contato físico foi bom. Mas ouvir tua voz sussurrando, me chamando pra mais perto, foi encantador. Acordar e ter noção de que não queria que fosse, me fez um pouco temerosa. A terceiro momento, as conversas já entrosadas, a intimidade sendo criada bem diante dos meus olhos,  aquele sentimento nascendo bem onde eu podia sentir, o carinho, o amor... É, muita coisa aconteceu em pouco tempo. Não nego o quanto ainda me assusto, o quanto penso que parece uma fantasia que logo chegará a última página. Talvez chegue. Talvez esteja longe. Ou não. Eu continuo dia após dia virando uma nova página, algumas com muitas palavras, outras com poucos diálogos. Como toda história, essa tem reviravoltas e capítulos surpreendentes. Por ser protagonista, não sei se ainda estou no prólogo ou no meio do livro. Há exemplares que duram poucos meses e outros que duram a vida inteira, afinal. Eu só sei que quero ver por onde vai essa história, começada num bar, escrita em grande parte por mensagens e sentida com todo meu coração. Afinal, toda boa história carrega consigo seus questionamentos, e essa, ainda terá muitos outros para responder.

quinta-feira, 11 de maio de 2017

Lá no céu

Os dias não estavam sendo fáceis. E eu estava repetitiva. Saia do meu quarto e chegava no dos outros de mansinho. Quando me perguntavam o que era, não sabia o que dizer. Mesmo que soubesse, não diria. Como uma pessoa trancada diria o quanto estava precisando de um abraço? O quanto estava precisando que pessoas se fizessem presente em sua vida? Como diria pras pessoas presentes e ausentes o quanto suas mensagens eram importantes por me darem a falsa segurança de que não estava sozinha? No fim, estava. Acreditando ou não. Aceitando ou não. Até por meios online estava. Dei de ombros. Era uma pessoa solitária desde... Sempre. E sabia que não ia mudar. Por mais que sentisse a necessidade. Por mais que quisesse desesperadamente arranjar uma companhia pra minha solidão. Sempre seria. Mas nessa noite, um pequeno detalhe me fez sentir especial. Não partiu de ninguém. Não veio de nenhuma pessoa que tanto dizia me amar. Mas veio do céu. A lua cheia iluminando a noite me deu a sensação de ser abraçada. Aquele abraço que eu tanto almejava. Que eu tanto precisava. A lua linda lá no céu quase me prometeu que ia dar tudo certo. E eu quase acreditei. Voltei aqui para escrever essas palavras e para agradecer, para dizer que às vezes olhar ao redor e não procurar nada se torna mais eficaz do que viver procurando. Que o que importa, não é exatamente o acontecimento, mas como ele te atinge. A lua sempre brilhava no céu. Sempre diferente. Mas naquela noite solitária como tantas outras, foi ela que me acalmou o coração agitado. Foi ela quem brilhou e me fez lembrar que sempre volta. Que mesmo que ela suma em dias nublados, ela sempre volta a brilhar. E eu voltaria, ou começaria, a ultrapassar as nuvens de tempestade que me barravam o caminho. Que me impediam de brilhar. Eu voltaria a iluminar o caminho. E, quem sabe, esse caminho fosse o meu próprio.