Cresci. Já não me sinto tão próxima ao chão como
antigamente. Estremeci. A queda parece maior agora. Andar parece duas vezes
mais difícil. Parece que cada vez mais o solo desaparece sob meus passos. Não
sei quando ele acaba. Tento permanecer estagnada. Sou empurrada. Sou forçada. Siga. E eu tento. Eu ando. Um passo.
Depois o outro. Temerosa? Muito. Procuro placas indicando de onde estou próxima.
Elas não falam minha língua. Nem eu a delas. Mais um desencontro nessa
caminhada cega. Luzes em néon dizem para estacionar ali naquele canto aberto.
As mesmas luzes mandam seguir em frente. Gostaria apenas de apaga-las. Achar
uma pedra no caminho onde eu possa sentar. Descansar. Quem sabe, ligar o GPS.
Procurar alguém que queira fugir da trilha. Mas não vejo interruptor. Apenas as
luzes que me mandam seguir. Sigo. Chove.
Não tenho onde me proteger. Sinto a água gelada me percorrer. Ela alaga meu
caminho e encharca minhas roupas. Mas leva algo consigo. Me deixa mais leve. A
beira da estrada parece tão próxima que posso tocá-la com os pés. Pular para o
stand by. Achar enfim onde sentar. Não sei se estou pronta para caminhar mais.
Não sei se é certo parar. Não sei de onde surgem tantas pessoas e placas
mandando seguir. Não sei de onde vem essa vontade avassaladora de parar. De dar
um tempo. De processar. De tentar achar a vontade de seguir novamente. Mas e se
cair? Quantos metros de decadência me aguardam? Quanta dor posso suportar?
Fecho os olhos. É minha vez de pular. Caio. Mas não sei dizer onde vou aterrissar.
Apenas me sinto cair. É hora de refletir. Parar de caminhar. Quem sabe se vou
voltar?
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