Esticou a colcha da cama com um pequeno sorriso no rosto.
Lembranças recentes não paravam de perturba-la. A quentura alheia. O contraste da
pele, tão diferente da sua, enquanto seus dedos enlaçavam-se. Fechou os olhos
por alguns segundos, deliciando-se, e terminou de fazer a cama.
Passou os dedos gentilmente pelo local antes ocupado por
outra pessoa. Aquele sorriso lhe atingiu como uma flecha. Transmitia-lhe paz. Era
doce, despreocupado. O olhar sereno e levemente vago ainda parecia fitar-lhe. E
ela gostava daquilo. Começou a dobrar o lençol com delicadeza, não tinha pressa
para terminar aquela tarefa, como se cada ato banal daqueles a fizesse reviver
aqueles momentos. Retesou-se um pouco ao olhar para o cesto de roupa suja.
Seria a primeira vez em meses que não jogaria os lençóis ali depois do que acontecera
sobre eles.
Era a primeira vez em muito que ela não se sentia incomodada
com o cheiro de outra pessoa misturando-se ao seu. Sorriu abertamente ao pensar
nisso. Seu coração aqueceu-se um pouco com aquela sensação de que se libertara
um pouco mais de antigos traumas. Tinha medo de parecer ridícula com esse
pensamento, mas em seu íntimo orgulhava-se desse pequeno feito. Sentia-se um
pouco mais crescida.
Terminou de dobrar os lençóis e suspirou. Aquele momento
passou. A cama estava feita esperando-a aconchegar-se ali. Sozinha. Guardaria
cada momento na sua mente como algo precioso. As palavras. Os gestos. Os momentos
em que sua pele encontrava a outra. Talvez estivesse exagerando um pouco, mas
não se importava. O que ela pensava só cabia a ela e ninguém mais. Aninhou-se
na cama e prosseguiu seu dia como sempre. Como se tudo aquilo que se passava em
sua mente fosse parte de uma história boa que guardaria para si por não querer
mais ninguém metido.
Seus olhos estavam fixos na série que passava na televisão,
mas sua mente a forçava a sorrir por motivos que nada tinham a ver com o humor
americano apresentado. Pensava na corrente que quebrara ao manter os lençóis na
cama sem se sentir incomodada com isso. Pensava em sorrisos que não saiam de
seus lábios. Pensava na leveza que sentia.
Deixou sua mente descansar por alguns minutos enquanto
tentava prestava atenção à TV. Seguiria em frente voltando às suas preocupações
rotineiras. Mas as lembranças? Sempre poderia recorrer a elas quando
precisasse.
Onnw meu Odin, que coisa mais linda, assi m me apaixono
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