quinta-feira, 27 de junho de 2013

Perfume

Inspirei fundo, absorvendo aquele doce aroma, me teletransportando para outra época, em que aquele perfume fazia parte do meu dia a dia. Desci as escadas e me deparei com aquele cheirinho de bolo feito pela minha mãe, que tem um gosto e cheiro exclusivos dela, que só ela faz e que me deixa com cinco anos de novo, enquanto devoro um pedaço. Saí de casa sentindo o cheiro de mato, me devolvendo minha infância passada no sítio, as horas que eu passava com meu avô na rede, conversando sobre os animais que ali existiam.
                Ao chegar à escola, uma garota passou por mim com um perfume doce, que me encheu de alegria, o cheiro de amizade, de cumplicidade, o perfume da minha melhor amiga. Entrei na sala depois de ser esmagada por abraços dos amigos, que exalavam saudade dos poros, depois de longas férias. Aquele cheiro característico de giz, que me lembrava meus professores antigos, os atuais, os que eu não via há anos... Aquele cheiro de aprendizagem, de pessoas que me ensinaram a ser quem eu sou.

                E, na hora do intervalo, aquele perfume... Aquele cheiro de tristeza, de saudade, de amor. Aquele perfume que já me fez rir e chorar, que me arrepiou e me fez completa. Aquele cheiro que me impregnou de uma maneira que nunca me deixou esquecer. Aquele perfume que, eu lembro bem, eu só sentia em você.  Aquele perfume que me deixou, que se foi e nunca mais voltou, aquele perfume que continuava ali do lado, seduzindo quem mais quisesse, me deixando com aquele sorriso que cheira a tristeza.

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