quinta-feira, 30 de maio de 2013

Brilho da Lua

Perdão pelos erros...

A lua estava linda naquela noite, assim como eu sonhei que estaria numa ocasião especial. Mas ao contrário de minhas expectativas, especial não significava bom, ou qualquer coisa parecida. Especial podia significar simplesmente o fim de algo que nem sei se posso chamar de começo.
                -Diz alguma coisa – pediu ele, pegando minha mão.
                Não consegui verbalizar nada, nenhuma palavra. Apenas desviei meu olhar pra um ponto indefinido no horizonte.
                -Por favor.
                -Eu... – comecei, fazendo um esforço quase inumano pra falar – tinha medo.
                -Medo de quê?
                -De que isso acontecesse. De que vocês voltassem.
                Ele se calou. Não conseguia encará-lo, parecia que até minhas lágrimas tinham fugido de mim, não era pra doer tanto assim.  Senti ele me puxar contra si, me abraçando, fiz um esforço a mais pra não beijá-lo, pra não implorar pra que ele não fizesse isso, pra que me desse uma chance. Me afastei dele, não aguentando mais aquele contato, eu finalmente entendi o significado da frase “Tão perto, e ao mesmo tempo tão longe”.
                -Vamos continuar nos falando? – indagou com a voz triste.
                Assenti levemente, ainda sem coragem de encará-lo.
                -Vai continuar me abraçando?
                Novamente, maneei a cabeça positivamente. Mas não agora, pensei, sem forças para falar. Afastei-me um pouco mais, queria dar um fim aquela tortura, mas no fundo, eu sabia, não ia parar de doer.
                -Eu espero, realmente, que você seja muito feliz – desejei juntando toda a minha coragem e saindo dali, sem olhar pra trás, sentindo o chão sumir a cada passo.

                Como pode ter sido tão pouco, mas ter me feito tanto mal? Eu esperava que fosse acabar, mas e meu coração? Peguei minhas coisas e saí da faculdade quase correndo, fui para o único lugar em que sabia que não ia querer chorar até não ter mais lágrimas. Com os olhos marejados, ergui o olhar pra lua, que, não sei se por conta das lágrimas, brilhava como nunca. Pisquei duas vezes e atravessei a rua, indo em direção a parada de ônibus, ainda com a respiração acelerada, e o coração ainda... Bom, brilhava. Vermelho. Machucado. Insistindo que aquilo era um fim, o fim de uma felicidade, o fim de um futuro, o fim de um começo, e esse fim, com certeza ia me doer por várias outras luas. Novamente a encarei, tentando não lembrar dos olhos dele, o ônibus chegou e fui obrigada a desviar o olhar. “Posso dormir aí?”, “O que aconteceu?”, “Te explico quando chegar”, “Vem logo”. Respirei aliviada, tinha pra onde ir, fechei os olhos e deixei as lágrimas brilharem em meu rosto, como a lua brilhava no céu. Talvez tão triste quanto o meu, fosse o seu brilho, mas na noite seguinte, ela brilharia novamente, linda no céu como se não tivesse acontecido nada. E eu esperava fazer isso um dia também.

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