quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

3- Diário de uma garota sem palavras.



“Oi amor meu! Hoje é um dia excepcional, tô feliz como uma borboleta a voar sobre rosas. Minha vó que diz isso, acho uma expressão bonitinha, gosto de rosas, e de borboletas! Mas isso não vem ao caso. Hoje o Kauã sentou de novo ao lado da menina mais linda e cobiçada da escola. Não, não foi da Alice. Para de rir, na minha cabeça eu sou a menina mais linda e cobiçada... Da minha cabeça. Enfim,  a gente passou mais essa aula conversando e acabei contando sem querer sobre o encontro de ontem. Mentira, foi a primeira coisa que eu disse assim que ele chegou, sem nem bom dia. Ele me passou um bilhetinho com uma vaca morta mandando beijo desenhada, fazendo piada sobre meu encontro com o não-amor da minha vida. Hilário! Guardei o bilhete na minha caixa de recordações. Na hora do intervalo, que sempre será recreio pra mim, Mara e outra amiga, Léia, vieram até mim perguntando se o motivo pra eu não querer mais sair com o SG (Sérgio Gostoso), é mesmo o que narrei ontem a noite, ou por que eu tenho uma paixão enorme e avassaladora pelo Kauã. Só ri das duas. Só que as palhaças entenderam meu riso como nervoso ao invés de debochado, e tiraram a conclusão de que eu estava mesmo sentindo uma paixão enorme e avassaladora por ele, e nada do que eu disse mudou isso. Vadias. Depois de voltar pra aula, a Kelly (eu lavei a alma ouvindo o bom português falado corretamente) passou um trabalho em duplas, e a primeira pessoa que aproximou a cadeira de mim foi... O Kauã. Nem a Mara conseguiu ser mais rápida. Nem o Leandro, que costuma fazer todos os trabalhos comigo, é meio que uma rotina, foi tão rápido. Me assustei, mas não reclamei, não mesmo! Fiquei até sem palavras pra expressar minha reação ao vê-lo ao meu lado. Ficou decidido que nosso trabalho seria sobre algumas estruturas de redação, tipo, texto dissertativo, narração (amei!), fábula, etc... Combinamos de nos encontrar aqui em casa amanhã de tarde, depois do almoço, quando minha querida mãe vai estar no trabalho. E sem segundas intenções. Tá bom, talvez 1,5 de intenção. Ah, pro meu desgosto o Sérgio veio falar comigo hoje, perguntando quem era esse tal de príncipe Harry, palavras dele: o que ele tem melhor que eu? Mim diz. Preciso dizer que o coração doeu nesse mim descabido? Fiquei sem palavras diante do questionário maluco e sem o mínimo conhecimento de nada.  Apenas dei as costas a ele e saí tentando acreditar em suas perguntas, até me beliscando pra saber se não era uma péssima ilusão. Mas SA (Sérgio Anta) fez questão de me provar que seria bem melhor estar presa em um pesadelo quando colou seus lábios nos meus, me fazendo sentir aquele gostinho de... Acredite, não encontrei uma descrição apropriada, tava bem pior que antes. Tentei empurrá-lo, mas não consegui, o cara devia ter mais músculos no dedo mindinho do que eu no corpo. E de repente, não mais que de repente, surge num cavalo branco (okay, menos), meu príncipe de olhos azuis que são negros e me tirou das garras daquele bueiro ambulante. Iniciou-se uma pequena briga que logo acabou por causa do inspetor, e aquela cena de dois garotos brigando por mim me deixou sem palavras pela terceira vez naquele diz. Quando cheguei em casa, meu telefone tocou umas quinhentas vezes, Mara, Léia, Leandro, Théo, Márcia... Todos querendo saber que briga tinha sido aquela. Contei por cima, mas nenhum deles se convenceu e fez aquele draminha básico de você-não-confia-em-mim-vou-cortar-os-pulsos, o que eu ignorei e desliguei o telefone em seguida. Agora estou deitada imaginando como será minha tarde amanhã, se o Kauã beija bem, qual o gosto de seus lábios, como será tocar sua pele macia... E não sou apaixonada por ele, só tenho uma quedinha. Bem, já tá tarde, vou dormir. Xoxo.”

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