Eu fiz um acordo com você, disse, confirmando sua opinião, que
precisava deixar de lado minha vergonha, meus medos, meus traumas. Eu assinei
esse acordo não escrito, de forma a ficar registrado em nossas mentes, selado
por nossos lábios, em um beijo apaixonado. Eu fiz esse acordo, que deixou claro
em suas cláusulas imaginárias e facilmente mutáveis, que eu ia te deixar me
amar, e ia permitir que esse sentimento crescesse dentro de mim, da forma como
está crescendo agora, e como se desenvolve a cada minuto, virando um tipo de
tratado entre nós, talvez tão importante quanto os grandes que marcaram a
história da humanidade.
Esse acordo, que também guarda tua letra, teu nome, nos permite
ficarmos juntos, intensamente, com todos os direitos reservados a nós. Nas
cláusulas ficou claro, ainda, que nós, é muito melhor que eu e você, que uma
alma dividida em dois, é muito mais poético que duas almas vagando pela terra.
Você gosta de poesia. E eu? Talvez eu aprenda a gostar, se for você quem as
fizer, se elas me garantirem a realidade contida nesse sonho que se passa em
minha mente quando meus olhos ainda estão abertos, perdidos no horizonte. Esse
papel inexistente, que toda hora muda de ordem suas regras, que pode deixar de
existir com um simples piscar de olhos, me deixa segura. Incrível, realmente,
que algo tão simbólico, me pareça tão concreto. Esse acordo que fiz com você,
selou em mim algo que até então, me era estranho.
Amor? Mas antes já escrevi palavras que deixavam subentendido que eu
amava. Talvez seja a vontade de amar. Talvez tenha sido a paixão, que não
conseguiu dar contar de tantas emoções novas, e pediu ajuda ao amor. Esse
acordo selou em mim a saudade, a vontade, a luxúria (e por que não?), o desejo,
o carinho, o medo, a segurança, a contradição... Sentimentos comuns, diários,
mas todos juntos, me perturbando ao ponto de me deixar tonta. Tonta de amor.
Soa um tanto quanto brega, mas pelo menos é sincero. Talvez o acordo seja
brega, ele me deixa boba. A perfeita boba apaixonada, em todo seu significado.
Esse acordo, selou em mim um demônio, que pode me destruir a qualquer
momento, me matar de dentro pra fora, mas eu quis arriscar e te deixar assinar
no X em meu coração. Esse demônio, tenho certeza que está em todas as cláusulas
e nas letras miúdas, pode me fazer feliz na mesma intensidade, pode me fazer
completa. Esse demônio intitulado amor, me fez escrever meu nome no acordo que
me prendeu a ti, não literalmente, ou por obrigação, mas pelo simples fato de
não querer e conseguir ficar longe. Esse acordo com o demônio salvou um coração
das trevas, e o fez amar novamente.
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