domingo, 4 de junho de 2017

Brisa tropical

O céu aquela noite estava carregado. O vento batia com fúria contra seu rosto e leves respingos avisavam da chuva que cairia dali a pouco. O céu tempestuoso a lembrava de si mesma. Tantos sentimentos tentavam rasgar-lhe o peito ao mesmo tempo. Era intenso. Às vezes, tinha a impressão de que quem lhe tocasse seria tragado pela corrente elétrica. Às vezes, tinha a sensação de que seus trovões iriam deixar-lhe surda.

Insuportável? Ainda não era, mas poderia facilmente se tornar. Era um furacão de emoções que, por fora, transparecia a tranquilidade de uma brisa marinha. Era uma tempestade tropical que ainda não havia chegado à costa. Tumultuava o alto mar, onde ninguém poderia lhe achar. Transformava em caos aquela parte do céu que ninguém enxergava. Chorava sua chuva longe da praia. Vez ou outra, um marinheiro desavisado presenciava sua tempestade formada, ora uma pessoa que lhe ajudava a controlar os raios e a silenciar os trovões, ora gente que nem ao menos tentava entender seu caos interno. Que só queria procurar abrigo e fugir das nuvens negras.

O céu a sua frente começou a desabar sobre o mundo, os respingos continuavam tocando seu rosto, porém um pouco mais intensos. O barulho das gotas acertando as telhas dos telhados ao lado não a incomodavam. A chuva a fazia companhia. Chorava junto com ela. Esbravejava junto a ela. E ela, enquanto observava o céu em caos, tinha certeza de não estar sozinha com sua própria tempestade.

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