quinta-feira, 11 de maio de 2017

Lá no céu

Os dias não estavam sendo fáceis. E eu estava repetitiva. Saia do meu quarto e chegava no dos outros de mansinho. Quando me perguntavam o que era, não sabia o que dizer. Mesmo que soubesse, não diria. Como uma pessoa trancada diria o quanto estava precisando de um abraço? O quanto estava precisando que pessoas se fizessem presente em sua vida? Como diria pras pessoas presentes e ausentes o quanto suas mensagens eram importantes por me darem a falsa segurança de que não estava sozinha? No fim, estava. Acreditando ou não. Aceitando ou não. Até por meios online estava. Dei de ombros. Era uma pessoa solitária desde... Sempre. E sabia que não ia mudar. Por mais que sentisse a necessidade. Por mais que quisesse desesperadamente arranjar uma companhia pra minha solidão. Sempre seria. Mas nessa noite, um pequeno detalhe me fez sentir especial. Não partiu de ninguém. Não veio de nenhuma pessoa que tanto dizia me amar. Mas veio do céu. A lua cheia iluminando a noite me deu a sensação de ser abraçada. Aquele abraço que eu tanto almejava. Que eu tanto precisava. A lua linda lá no céu quase me prometeu que ia dar tudo certo. E eu quase acreditei. Voltei aqui para escrever essas palavras e para agradecer, para dizer que às vezes olhar ao redor e não procurar nada se torna mais eficaz do que viver procurando. Que o que importa, não é exatamente o acontecimento, mas como ele te atinge. A lua sempre brilhava no céu. Sempre diferente. Mas naquela noite solitária como tantas outras, foi ela que me acalmou o coração agitado. Foi ela quem brilhou e me fez lembrar que sempre volta. Que mesmo que ela suma em dias nublados, ela sempre volta a brilhar. E eu voltaria, ou começaria, a ultrapassar as nuvens de tempestade que me barravam o caminho. Que me impediam de brilhar. Eu voltaria a iluminar o caminho. E, quem sabe, esse caminho fosse o meu próprio.

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